Economia

Campos Neto alerta para pressão inflacionária; o que vai acontecer com a Selic?

01 maio 2024, 11:44 - atualizado em 01 maio 2024, 11:44
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Campos Neto fala sobre pressão inflacionária e nível de emprego no Brasil, mas evita falar sobre taxa terminal da Selic. (Imagem: Rafael Ribeiro/BCB)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a alertar sobre a pressão inflacionária que ainda não está extinta no Brasil.

Em entrevista à CNN Brasil, Campos Neto destacou que a atenção da autoridade monetária é em relação ao setor de serviços, principalmente em relação aos serviços intensivos, que demandam mais mão de obra.

“Existe essa preocupação, porque há uma incerteza de como a mão de obra apertada influencia a parte de serviços. [Esse indicativo de pressão inflacionária] apareceu em dois ou três números de inflação, mas recentemente está um pouco melhor”, afirma.

Além disso, Campos Neto apontou que o cenário do mercado de trabalho indica emprego pleno no país, o que também deixa o Banco Central em alerta para um aumento da inflação.

“A preocupação vem quando as empresas não conseguem contratar, e você tem que começar a subir o salário. Se você sobe o salário para o mesmo nível de produção, isso significa que você está iniciando um processo inflacionário”, disse.

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Junto com esse aumento da pressão inflacionária, o Banco Central também está de olho nas movimentações do Federal Reserve — ou melhor, na falta de movimentação.

Nesta quarta-feira (1), acontece a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). A expectativa é de que o Fed mantenha a taxa de juros no atual intervalo de 5,25% e 5,50%. Até aí, sem nenhuma novidade.

No entanto, as dúvidas são sobre as falas de Jerome Powell, logo após a divulgação da decisão. No início do mês, o presidente do Fed alertou de que o banco central americano precisará ter mais confiança nos dados econômicos do país para começar as reduções.

Essa postura mais conservadora vem mexendo com as apostas do mercado. Segundo os dados da ferramenta CME FedWatch Tool, por volta das 10h30 (horário de Brasília) de hoje, 40,5% acreditavam ver um corte de 0,25 ponto percentual em setembro, enquanto 49,8% — a maioria — esperavam uma manutenção do patamar atual.

Já para novembro, 42,4% apostavam no início do afrouxamento e 39,6% esperavam mais uma manutenção. 41,1% do mercado via um primeiro corte só no mês de dezembro deste ano.

Outra questão é o risco fiscal brasileiro. No início do mês, o ministro Fernando Haddad confirmou mudanças na meta fiscal de ano que vem. O projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, encaminhado ao Congresso, prevê déficit primário zero.

As regras do arcabouço fiscal, aprovado no ano passado, determinavam um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, com intervalo de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cima ou para baixo. Além disso, a meta de 2026 foi alterada de superávit de 1% para 0,25% do PIB.

Por conta dos juros altos por mais tempo nos EUA e o fiscal pesando por aqui, as apostas de um corte de 0,50 ponto percentual na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) estão baixas.

Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), pesquisa semanal da Equus Capital, mostra que probabilidade de mais um corte de 0,50 pp, até a última segunda-feira (30), era de 43%.

“Analisando os dados, vemos que a probabilidade de corte indicada pelo IEPS, neste momento, é de 43,0%. Na semana anterior, o índice apontava uma probabilidade de 28,2%. Vale lembrar que, no dia anterior a última reunião do Copom, este percentual estava em 93,5%”, afirma Felipe Uchida, head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital.

Ao ser questionado sobre a taxa terminal da Selic, Campos Neto tentou não se comprometer com o nível da taxa básica de juros no fim do afrouxamento monetário.

“Hoje o mercado acha que a taxa terminal brasileira é um pouco mais alta, mas a gente precisa ver o que vai acontecer nas próximas semanas e meses”, disse.

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