Caminho do euro para domínio global passa por finanças verdes
O euro conquistou posição dominante no mercado de rápido crescimento para o financiamento de títulos verdes, respondendo por quase metade do total de novas emissões no ano passado, segundo o Banco Central Europeu.
Os dados refletem as ambições da União Europeia de tornar o continente a primeira região neutra em carbono até 2050. A presidente do BCE, Christine Lagarde, prometeu refletir sobre como a instituição poderia contribuir, depois de repetidamente ser criticada por grupos ambientalistas por comprar títulos de empresas poluidoras como parte do estímulo monetário.
A dívida destinada a investimentos ecologicamente corretos multiplicou por 20 nos últimos cinco anos, sendo residentes da União Europeia os maiores emissores, afirmou o BCE na terça-feira em relatório anual sobre o papel internacional do euro.
Embora o tamanho do mercado ainda seja pequeno, a liderança do euro é visível: cerca de 9% de toda a dívida levantada em moeda única em 2019 foi classificada como verde, em comparação com pouco mais de 2% de todos os títulos denominados em dólar.
Posicionar o euro como a moeda de escolha para combater a mudança climática pode finalmente elevar seu perfil como moeda de reserva internacional.
“A rápida implementação de uma taxonomia da UE de atividades econômicas sustentáveis forneceria uma estrutura confiável e padronizada, garantiria maior confiança aos investidores e, portanto, também poderia contribuir para fortalecer o papel internacional do euro”, disse o membro do Conselho Executivo do BCE, Fabio Panetta, em comunicado.
O relatório alerta que a iniciativa do financiamento verde pode enfrentar a concorrência de vários países, incluindo Reino Unido, China e Cingapura, que também desenvolveram estratégias para promover o crescimento desse segmento do mercado.
De maneira mais ampla, observa o BCE, o euro permaneceu a segunda moeda mais usada no mundo. A participação da moeda única nas reservas internacionais globais aumentou modestamente em 2019.