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Câmbio vantajoso dá vida confortável a ‘nômade digital’ do Brasil na Argentina

12 set 2022, 7:19 - atualizado em 12 set 2022, 7:19
Real
O real hoje equivale a 26,78 pesos argentinos no câmbio oficial – mas a cotação já está perto do dobro disso no paralelo (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Ser nômade digital parece um sonho distante para muita gente, mas pode se tornar uma realidade para quem atua em regime 100% de home office, como é comum entre profissionais das áreas de tecnologia e de marketing digital. Esse é o caso de Washington Ávila, de 27 anos, que escolheu morar em Buenos Aires, na Argentina, por alguns meses e, com a desvalorização do peso, vive dias de “rico”. “É um superpoder de compra que o brasileiro tem aqui”, afirma.

Somando todos os custos básicos, como aluguel, alimentação e lazer, o gasto de Ávila fica entre R$ 4 mil e R$ 5 mil por mês na cidade.

O real hoje equivale a 26,78 pesos argentinos no câmbio oficial – mas a cotação já está perto do dobro disso no paralelo, pois o sistema de câmbio argentino tem um total de 13 cotações, sendo bem diferente do visto no Brasil e podendo ter grandes variações entre uma taxa e outra.

Com isso, enquanto trabalha para uma startup de tecnologia no Brasil, Ávila consegue morar em uma cidade grande, aperfeiçoar seu espanhol e, de quebra, ver seu dinheiro valendo mais do que em São Paulo, onde morava antes de fazer as malas e embarcar para o país vizinho.

Mais conforto

“Eu consigo ter um estilo de vida confortável com um salário menor do que no Brasil, apesar da situação econômica na Argentina”, conta Ávila. No país, que vive uma forte crise econômica, a inflação pode chegar a 90% este ano.

O consultor de vendas utiliza uma conta da Western Union – tradicional companhia americana de transferências internacionais, que tem forte presença no país – para garantir que o salário que recebe em real possa ser utilizado na Argentina. O valor é convertido pelo dólar blue, uma cotação paralela do dólar americano.

Nessa métrica, R$ 4 mil se transformam em 208.838 pesos argentinos atualmente. Conforme mostrou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo em julho, a Western Union ganhou tração entre os brasileiros que viajam para a Argentina, por oferecer uma cotação mais vantajosa aos viajantes.

O plano de Ávila, por enquanto, é retornar ao Brasil para cumprir compromissos de fim de ano. Mas ele considera a ideia de se mudar de forma permanente para a Argentina.

Até a Tailândia

Geovana Bonsenhor também escolheu a Argentina como sua primeira opção fora do País para atuar como nômade digital com a namorada, Naoamy Araújo.

Atualmente vivendo na Tailândia, o casal morou em Buenos Aires por três meses, entre o fim de 2021 e o começo de 2022. O gasto mensal era de R$ 4 mil, incluindo cerca de R$ 700 de delivery.

Geovana e Naoamy trabalham com marketing digital, prestando serviços para empresas brasileiras. “A pandemia ajudou a aumentar a cultura do trabalho remoto. Mas já tivemos de encerrar contrato com cliente que exigia reuniões presenciais”, diz.

Geovana também mostra sua rotina de nômade digital em fotos e vídeos no Instagram (@ageotaviajando), rede social em que ela tem mais de 5 mil seguidores.

Organização

Para a educadora financeira da Open Co, Lai Santiago, ser nômade digital precisa ir além da “romantização” da ideia de morar em diferentes países para ter base em um planejamento financeiro sólido, com um reserva de emergência para, pelo menos, oito meses de gastos mensais.

“No caso de uma pessoa que vai morar em países estrangeiros e tem a necessidade de utilizar uma moeda diferente, a melhor alternativa é manter o valor em uma conta internacional em uma moeda mais estável, como dólar ou euro”, afirma a especialista.

A rotina de um nômade digital também precisa contemplar economias para compra de passagens aéreas e resiliência financeira para lidar com aluguéis mais caros em determinados países.

Na visão da educadora, é preciso conversar com quem mora no local desejado para entender o real custo de vida e simplificar a vida financeira, com menos contas e cartões de crédito.

“Quanto mais simples for esse seu ‘esqueleto’, mais chances de você ser bem-sucedido tanto quando as coisas vão bem, quanto quando surgirem os perrengues”, diz Lai.

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