Câmbio destrona fim do auxílio como desafio para Ambev em 2021
Após ver o volume de vendas de cerveja crescer no Brasil mesmo após o fim do auxílio emergencial, a gigante de bebidas Ambev (ABEV3) se prepara para encarar um ano que deve combinar um real mais desvalorizado com preços de commodities em alta.
Dinâmica deve manter como margens pressionadas em 2021.
O câmbio é visto como o principal desafio da empresa este ano, disse Lucas Lira, vice-financeiro presidente e relações com investidores, em entrevista. Segundo ele, a taxa média de hedge do câmbio usada pela companhia para 2021 considera dólar a R $ 5,29, 30% acima de 2020.
“A moeda hoje está mais alta do que isso e mostra o porquê de proteção do custo. Com isso, o impacto está sendo menor ”, disse Lira.
Hoje, o dólar segue acima de R $ 5,50 mesmo com leilões do Banco Central.
A moeda brasileira segue entre o pior desempenho em relação ao dólar este ano, com uma desvalorização perdendo apenas para o peso argentino.
Vendas em alta
Em 2020, a empresa viu o volume de vendas de cerveja crescer no Brasil contra o ano anterior. Para o executivo, é um sinal de que o portfólio continua com um bom momento com apostas acertadas em inovações apesar do fim do auxílio emergencial.
Entre as iniciativas, Lira citou a Brahma Duplo Malte e o Zé Delivery, serviço de entrega bebidas geladas para o consumidor.
A Ambev reportou lucro líquido líquido de R $ 7,01 bilhões no quarto trimestre, com vendas líquidas que bateram conforme expectativas de analistas.
A companhia já lida com ambiente concorrencial intenso e diz que é prematuro avaliar impacto da notícia de parceria entre a Heineken e a Coca-Cola para distribuição no Brasil.
“Temos uma rede de distribuição consolidada com 150 revendedores que trabalham há mais de 20 anos, espalhados pelo Brasil e que vendem 30% do nosso volume”, segundo Lira. “Os outros 70% saem de 200 centros de distribuição direta, uma máquina bem azeitada”.