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Calmaria no dólar com Selic estável? A eleição é quem sabe

09 ago 2022, 16:37 - atualizado em 09 ago 2022, 17:31
urna eletrônica; eleições; lula bolsonaro
Eleição e exterior devem ditar ritmo do dólar após sinais de pausa de alta da Selic (Jeso Carneiro / Flickr)

O dólar à vista entrou em rota de queda na semana passada, furando novamente o patamar de R$ 5,20, após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa Selic pela décima segunda vez seguida e ainda apontar o possível fim do ciclo de aperto monetário, iniciado em março de 2021.

Porém, em meio à alta de juros no exterior com os dois principais bancos centrais elevando taxas, com o Federal Reserve (Fed) promovendo o segundo aumento nos Estados Unidos e o Banco Central Europeu (BCE) o seu primeiro em 11 anos, investidores questionam como o câmbio irá calibrar, no mercado doméstico, uma pausa nas altas do BC e os aumentos do exterior, enquanto a inflação escala lá fora e aqui, dá sinais de deflação puxada pela queda dos preços de combustíveis.

Para o sócio-diretor da Pronto Invest, Vanei Nagem, o Banco Central brasileiro antecipou o movimento iniciado no mundo, agora. O que refletiu em menos prejuízos cambiais ante o aperto monetário do Fed e do BCE. Segundo ele, isso deverá manter a atratividade em ativos locais, uma vez que o fluxo de entrada de investidores estrangeiros no país aumentou nos últimos dias.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescenta que o nosso BC ancorou a pausa da alta de juros na inflação corrente, que indica desaceleração em agosto e setembro. Contudo, a estabilidade da taxa Selic em 13,75%, maior patamar desde janeiro de 2017, garante calmaria no mercado cambial?

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A eleição é quem sabe

Abdelmalack diz que o Banco Central evita “mexer nos juros” no período eleitoral. Porém, um cenário econômico mais deteriorado não impediria um novo ajuste monetário, com a taxa de juros alcançando ou ultrapassando os níveis de seis anos atrás, a 14%. Segundo ela, o Copom não sinalizou de vez o fim da alta de juros, atento ao exterior e ao risco doméstico com o cenário fiscal. Já a economista-chefe da Tenax Capital, Débora Nogueira, avalia que a ata, divulgada hoje, deixou transparente a estratégia de fim do ciclo de alta de juros, com a possibilidade de alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião como remota.

Nagem, da Pronto Invest, pondera que a eleição, em si, já está precificada uma vez que o mercado “sabe o cheiro” da campanha com a disputa ancorada pelo ex-presidente Lula e pelo presidente Jair Bolsonaro e podendo ser tensa pelas provocações entre os candidatos. Para ele, o dólar se assustaria com alguma ação “não democrática” por parte do presidente Bolsonaro em uma possível derrota nas eleições. “Isso geraria um forte estresse ao dólar porque não está no preço. e também em outros ativos, e o Brasil, certamente, sofreria retaliações do mundo com reflexos também nas commodities, no mercado como um todo”, diz.

Onde investir?

Nagem não recomenda busca por investimentos em fundos cambiais, mas observa que aqueles atrelados ao índice oficial de inflação (IPCA) estão com rentabilidade “interessante”. Abdelmalack, da Veedha, reforça que é importante ter parte dos investimentos alocados ao dólar, podendo ser momento de investimentos na moeda americana. Porém, ela orienta observar um cenário desinflacionário, no qual ressalta ser mais eficiente ter uma carteira diversificada com títulos pós-fixados, pré-fixados e indexados à inflação.

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