Bancos

Caixa vai precisar de reforço de capital apesar dos ajustes, diz Moody’s

15 dez 2017, 9:33 - atualizado em 15 dez 2017, 9:33

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

Apesar de um forte recuo na concessão de crédito combinado com uma recuperação na rentabilidade em consequência de custos menores de captação e esforços para ampliar a receita com tarifas, a posição de capital da Caixa Econômica Federal (rating Ba2, perspectiva negativa, b1) permanece fraca, limitando a expansão da carteira de crédito e a futura geração de receitas, afirma a Moody’s Investors Service em um novo relatório.

“O forte recuo do crescimento anual do crédito nos últimos dois anos ajudou a Caixa a reduzir o consumo de capital, mas não o suficiente para evitar uma redução significativa na capitalização desde 2014”, afirma a autora do relatório Ceres Lisboa, vice-presidente sênior da Moody´s.

O crescimento da carteira do banco recuou fortemente à medida que a Caixa passou a focar em empréstimos de menor risco e menos intensivos em consumo de capital e em um modelo de precificação mais conservador, afirma a Moody’s. Os ganhos da Caixa melhoraram em 2017 por conta da expressiva queda nas taxas de juros, que reduziram os custos de captação do banco, enquanto a contração no crescimento ajudou no corte da instrumentos de captação mais caros que apoiou o crescimento do banco em anos anteriores. “Embora essas ações tenham beneficiado as margens, elas estão muito abaixo daquelas apresentadas pelos pares da entidade devido ao foco da Caixa no financiamento imobiliário com spreads menores”, diz o relatório.

Além disso, quando a redução das taxas de juros da carteira de crédito concedido começar a se alinhar com os custos de captação menores, os ganhos recentes na rentabilidade passarão a ser revertidos, a menos que o crescimento do crédito volte a avançar, explica a Moody’s. Ou seja, os ganhos com os empréstimos feitos por taxas mais altas que os juros atuais irão diminuindo com a renovação da carteira de crédito a juros mais baixos, a menos que o volume emprestado cresça para compensar o ganho menor.

Uma vez que uma injeção de capital por parte do governo é improvável, segundo a Moody’s, dada a situação fiscal complicada, a Caixa precisará buscar alternativas para cumprir com os requerimentos de capital da Basileia III até 2019. O banco está considerando uma potencial conversão de bônus perpétuos de Nível 2 do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em instrumentos de Nível 1, bem como a vendas de ativos.

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