‘Caiu a ficha do mercado’, diz Haddad sobre legado de Bolsonaro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que a queda ao redor de 3% do Ibovespa ontem tenha sido devido à reação ao novo governo. As declarações foram feitas entrevista à TV 247, um site mais ligado ao campo da esquerda, nesta terça-feira (5).
Para ele, a reação da bolsa brasileira é reflexo do “legado desastroso” deixado pelo governo Bolsonaro na economia. “Havia um clima de que a economia estava em um rumo certo e isso está se desfazendo pela apresentação dos números”, disse.
Haddad se refere aos dados apresentados pela equipe de transição em relatório sobre o que aconteceu no Brasil durante os quatros anos da gestão anterior. Para o ministro, a tensão do mercado financeiro está atrelada à “insegurança” em relação aos números que estão sendo divulgados.
“Tem uma grande parte do empresariado que está torcendo para o país dar certo, mas muitos não tinham a noção do governo que estavam apoiando. Quero deixar claro isso”, acrescentou.
Haddad afirma que ‘muita gente’ achava que a economia brasileira estava a pleno vapor, com uma grande retomada. “Então as pessoas estavam realmente iludidas. Acho que era gente muito desavisada, que estava iludida sobre as finanças. Não tinha o tamanho do rombo [das contas públicas] na cabeça e não tinha a clareza sobre o impacto do maior juro real do mundo sobre o crescimento econômico”, completou.
Legado maldito
Segundo o ministro, o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou um rombo de R$ 300 bilhões nos cofres do governo e o maior juro real do mundo como legado. Isso porque a taxa Selic subiu de 2% para 13,75%.
Ainda segundo Haddad, Bolsonaro usou cerca de 3% do PIB – 1,5% de aumento de despesa e 1,5% de renúncia fiscal – para produzir um impacto durante o processo eleitoral.
“Ele [Bolsonaro] fez tudo isso e não aconteceu nada? Esse é o grande legado do Bolsonaro”, afirmou. “Então não é um ataque especulativo, é que a ficha [do mercado] caiu”, emendou Haddad.
Apesar desse legado lembrar a ‘herança maldita’ herdada pelo presidente Lula no primeiro mandato, o ministro destacou que cabe ao novo governo esclarecer a situação com transparência e não apenas reclamar. “Vamos corrigir isso”, ressaltou.