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Caio Mesquita: O preço de uma paixão

11 jun 2022, 12:00 - atualizado em 10 jun 2022, 21:44
Caio Mesquita, Empiricus
“O desenvolvimento de novos mercados, especialmente na Ásia, tem impulsionado um aumento consistente na demanda por itens de luxo”, coloca Caio Mesquita (Imagem: Divulgação/Empiricus)

Com a minha mão esquerda, movimento estranho para um destro, coloco a chave na ignição.

Após pressionar o pedal do freio, giro a chave no sentido horário e, voilá, o rugido dos quinhentos e oitenta cavalos de potência preenche o ambiente.

Ainda com o câmbio no neutro, movimento o meu pé ligeiramente à direita, posicionando-o sobre o pedal do acelerador.  

O motor responde com ímpeto à aplicação de uma mínima pressão. Sem resistir, piso com mais vontade. A máquina reage com um urro, soltando um leve odor de combustível queimado.

Finalmente engato a marcha e delicadamente coloco o carro em movimento.

Cuidadosamente saio da garagem, viro à esquerda e começo a dirigir em baixa velocidade.

A prudência dura pouco. Assim que um espaço se abre no asfalto, piso mais fundo e despejo potência no motor.

Meu coração acelera junto com o carro. O sinal vermelho chega rápido demais e me força a tirar o pé, reduzindo a velocidade.

Alegre, tal como uma criança ao ganhar um presente, não consigo tirar o sorriso do meu rosto.

Assim foi a minha experiência nesta semana ao dirigir o carro recém-adquirido por um amigo, uma Porsche 911 Turbo.

Na tabela, o preço dessa fantástica máquina é de R$ 1.250.000 em sua versão mais básica.  Apesar do custo milionário, a demanda supera largamente a oferta. A procura é tanta que a concessionária aqui de São Paulo há meses não aceita novos nomes na lista de espera.

Os mais ansiosos, e abonados, tentam convencer aqueles que estão recebendo os carros encomendados há um par de anos. Para fechar negócio, os vendedores pedem, e conseguem, o dobro do que pagaram.

Carros de luxo, especialmente os superesportivos, estão entre os ativos que mais se valorizaram com a pandemia.  

Não são os únicos, porém.  

Relógios suíços, aviões particulares, iates, jóias raras, bolsas de grife, vinhos finos… É longa a lista de artigos de luxo que tiveram grande valorização recentemente.

Os choques de oferta e demanda dos últimos dois anos somente aceleraram, contudo, um processo de valorização secular que vem ocorrendo há décadas.

Passion investing, ou investimento de paixão, é a modalidade de investimento que se apoia nesta tendência de longo prazo

Como o nome já diz, tal modalidade de investimento conjuga a paixão por algum tipo de ativo, normalmente de luxo, com uma perspectiva de investimento de longo prazo.

Diferentemente de investimentos financeiros tradicionais, passion investing permite que se desfrute do ativo enquanto se espera por sua valorização.

Exemplificando, o quadro de um artista promissor pode lhe render um ótimo retorno ao mesmo tempo em que adorna sua sala de estar.

O desenvolvimento de novos mercados, especialmente na Ásia, tem impulsionado um aumento consistente na demanda por itens de luxo.

Por outro lado, justamente por serem de luxo, a oferta desses itens, muitas vezes com características artesanais ou mesmo artísticas, praticamente não cresce.  

O preço do luxo segue se apreciando, sem perspectiva de inflexão.

Haverá somente uma vinícola Romanée Conti, com uma capacidade limitada a cada safra.  Por mais que ricos (novos ou de família) desejem saboreá-lo, o vinho que sai desta pequena propriedade na Borgonha não terá sua produção aumentada.

Particularmente, vinho tem sido um dos temas mais relevantes em passion investing.  

Há inclusive uma bolsa de negociação, a Liv-ex, quer organiza o mercado de vinhos finos, dando mais transparência e liquidez às transações.

Encerro trazendo a lista dos 5 motivos que sustentam a valorização dos vinhos no longo prazo, notadamente os vinhos finos, elaborada pela Oeno Asset, uma das principais gestoras de investimento em vinhos do mundo, e parceira nossa na Vitreo

  1. Vinhos finos melhoram com o tempo;
  2. A disponibilidade do mercado secundário diminui com o tempo por conta do consumo;

iii. Demanda por vinhos finos cresce com a adoção crescente de seu consumo em novos mercados;

  1. A produção é praticamente fixa e não pode ser ampliada para atender a demanda; e
  2. As vinícolas têm aumentado progressivamente o preço de seus produtos.

Deixo você agora com os destaques da semana.

Boa leitura e um abraço,

Caio

P.S.: Caso você tenha interesse por vinhos, deixo aqui um convite para que conheça o primeiro fundo de investimentos em vinhos finos do Brasil, o Empiricus Oeno Vinhos Finos, que estamos lançando em parceria com os britânicos da Oeno Asset.

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