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Caio Mesquita: Entre altas e baixas

21 ago 2021, 11:56 - atualizado em 21 ago 2021, 11:56
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Durante a semana houve momentos de pânico, com investidores institucionais, principalmente gestores multimercados, vendendo posições a qualquer preço (Imagem: REUTERS/ Paulo Whitaker)

Antes de iniciar, aproveito para expressar minha discordância em relação ao comentário do querido Bruno Mérola no seu Day One de sexta.

O álbum “Sob Rock, do guitarrista americano John Mayer, é absolutamente espetacular, sendo um banho de talento musical para nossos pobres ouvidos, tão maltratados com o que se ouve por aí ultimamente.

Voltando ao tema principal, passamos por uma semana em que todos nós ficamos mais pobres, salvo se suas posições sob o risco Brasil sejam pequenas.

Durante a semana houve momentos de pânico, com investidores institucionais, principalmente gestores multimercados, vendendo posições a qualquer preço.

Uma combinação de vendas forçadas por conta de atingimentos dos chamados “stops”, quando preços baixos obrigam a zeragem de posições compradas, e busca de mais liquidez por conta de eventuais resgates futuros provocou enorme pressão vendedora.

O resultado foi a queda generalizada nos preços das ações, especialmente as relacionadas a empresas de menor valor e/ou com IPOs recentes, e a continuação da alta das taxas juros, tanto de curto como de longo prazo. 

O pessimismo tem origem no imbróglio político que se desenrola em Brasília nas últimas semanas.

A bateção de cabeça entre Executivo e Judiciário não contribui para o sentimento de confiança na capacidade do governo em manejar corretamente a delicada situação fiscal do país.

Os solavancos na tramitação da reforma tributária no Congresso e a discussão envolvendo o tema dos precatórios também adicionam preocupações quanto à nossa capacidade de termos um país com finanças minimamente organizadas.

Somado a isso, o Banco Central parece mesmo disposto a encarar esta inflação acima da meta, invertendo o sinal do “whatever it takes” de Mario Draghi.

Assim, tudo indica que teremos que conviver com juros mais altos por algum tempo.

Essa explicação, porém, não passa de um lanterna na popa, como diria Roberto Campos, o avô. Podemos assim entender melhor as razões para os acontecimentos passados, mas o que interessa agora é o que vem pela frente.

De um lado, aparentemente o mercado parece ter superado o modo pânico, e mostra alguma vontade em se estabilizar.

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Do ponto de vista estritamente objetivo, a alta nas taxas de juros no Brasil dá embasamento à atual correção nos preços das ações (Imagem; Reuters/Paulo Whitaker)

Os fatores técnicos que provocaram as vendas forçadas perdem ímpeto e abrem espaço para avaliações mais fundamentadas sobre os preços dos ativos.

Obviamente, a temperatura de Brasília seguirá afetando o humor dos nossos investidores. Pela sua própria natureza incerta, o cenário político é de difícil leitura e somente especialistas como os nossos parceiros da Arko Advice podem nos ajudar a desvendá-lo.

Do ponto de vista estritamente objetivo, a alta nas taxas de juros no Brasil dá embasamento à atual correção nos preços das ações.

Do ponto de vista fundamentalista, o valor das ações advém dos fluxos operacionais da empresa trazidos a valor presente usando uma taxa de desconto apropriada. O aumento das taxas de juros de referência aumenta essas taxas de desconto, empurrando para baixo a avaliação das empresas.

Simplificando, juros para cima, ações para baixo.

O aumento das taxas de juros machuca em especial as ações cujos fluxos projetados encontram-se mais distantes no futuro, já que o desconto a valor presente deve ser composto por relativamente mais anos.

A correção nas chamadas “tech brasileiras” passa claramente por esse aumento recente nos juros.

Somados a isso, resultados trimestrais decepcionantes divulgados por algumas dessas empresas começam a levantar suspeitas sobre o atingimento dos próprios fluxos projetados, contribuindo ainda mais para a desvalorização dos papéis.

Ouvimos alguns balões sendo desinflados nesta semana.

Já no outro lado da moeda, a renda fixa volta a ser atrativa. 

Conversei com um grande banqueiro esta semana que me relatou um aumento importante no apetite dos clientes pelos seus CDBs.

Apesar da nossa paixão pela renda variável, a Empiricus entende que começam a surgir oportunidades interessantes para participar deste ciclo de juros mais altos.

De certa forma, depois de nossa tentativa frustrada de acompanhar a tendência mundial de juros baixos, voltamos a um cenário mais condizente com o nosso histórico.

Encerro recomendando que você volte sua atenção às ofertas exclusivas em renda fixa que a Vitreo trará na semana que vem.

Aproveito também para convidá-lo para a live desta segunda-feira, às 11 horas, em que conversarei com o Gabriel Mallet, responsável pela área de renda fixa na Vitreo.

 Te espero lá!

Um abraço,

Caio.

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