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Caio Mesquita: Bitcoin é a nova Amazon?

20 mar 2021, 14:00 - atualizado em 19 mar 2021, 22:50
carteira mão bitcoin
“Ainda estamos longe de um consenso sobre a adoção das moedas digitais em larga escala, substituindo de vez as chamadas moedas fiduciárias”, afirma o colunista (Imagem: Freepik)

Nesta semana, o banco de investimentos Morgan Stanley soltou uma nota aos seus clientes investidores de sua unidade de wealth management.

Copio aqui um trecho da nota:

“Para que oportunidades de investimento especulativo emerjam ao ponto de uma classe de ativos passível de investimento possa ter um papel na diversificação de portfólios de investimento exigem progresso transformacional tanto do lado da oferta como da demanda.

Com criptomoedas, acreditamos que esse limite está sendo atingido. Uma estrutura regulatória consolidada, liquidez aprofundada, disponibilidade de produtos e um crescente interesse de investidores — principalmente entre investidores institucionais — se fundiram.”

Nestas poucas linhas, o Morgan Stanley deu um empurrão definitivo para a aceitação das criptomoedas como uma classe de ativos com aceitação institucional. 

Não é preciso ser especialista para entender o impacto nos preços, caso grandes investidores passem a alocar uma parte de suas carteiras em moedas digitais.

Estamos assistindo ao vivo a adoção pelo mainstream de uma ideia marginal, temas das minhas newsletters recentes.

Ainda estamos longe de um consenso sobre a adoção das moedas digitais em larga escala, substituindo de vez as chamadas moedas fiduciárias. Existem porém indícios concretos de que não se trata de uma moda passageira e que criptomoedas participarão em alguma instância das nossas vidas financeiras futuras.

Inovações são processos fluidos. Há uma evolução em direção ao novo ao mesmo tempo em que convive-se com o velho.

Carros e carroças.  Discos e streaming.  Fotos impressas e digitais.  Livros e kindle.  Aviões e navios.  Há uma infinidade de exemplos de novas tecnologias avançando sobre os antigos formatos progressivamente.  A ruptura total é exceção, não regra.

A história evolui em saltos.  Crises chacoalham o status quo e forçam a inovação.

Tempos de guerra são reconhecidos como períodos de rápida mudança.

A Primeira Guerra Mundial é um rico exemplo da velocidade da evolução em momentos desafiadores.

Salvo engano, o conflito no início do século passado talvez tenha sido o mais contrastante no formato inicial de enfrentamento em comparação ao que se viu quando da sua conclusão.

As tropas do início do conflito ainda traziam o modus operandi dos enfrentamentos do século 19.

Soldados trajando uniformes elegantes e coloridos, com direito a casacas e penachos na cabeça, montavam cavalos e armavam-se com baionetas.

Em menos de quatro anos, uma verdadeira revolução bélica trouxe aviões de combate, tanques de guerra, metralhadoras e granadas.

Obviamente, durante o desenrolar da guerra, o novo enfrentou o velho. Cavaleiros e suas montarias pereceram combatendo tanques e soldados de casaca foram dizimados por letais equipamentos bélicos.

“Há uma evolução em direção ao novo ao mesmo tempo em que convive-se com o velho”, diz Caio Mesquita (Imagem: Pixabay)

Esta semana recebi um vídeo curioso que trata justamente do mesmo tema.

Numa reportagem do programa americano 60 Minutes de 1999, o jornalista entrevista Jeff Bezos e busca entender o então nascente fenômeno do e-commerce Amazon.

Não há como não se divertir com o tom irônico da matéria que questionava a racionalidade da empresa de Bezos já estar sendo avaliada acima das tradicionais Texaco e Sears.

Desde então, a ação da empresa valorizou-se espetaculares cinquenta vezes, tornando o seu fundador o homem mais rico do mundo.  Por outro lado, Texaco virou uma subsidiária da Exxon e a Sears agoniza financeiramente.

Fica aqui a reflexão sobre como reagimos quando, duas décadas à frente, assistirmos uma reportagem de hoje questionando o futuro e o valor do Bitcoin.

Um abraço,

Caio.