Opinião

Caio Mesquita: A ampulheta da vida não vira

11 maio 2019, 15:29 - atualizado em 17 jun 2019, 15:33

Por Caio Mesquita, CEO da Acta Holding

“Eu não posso ganhar tempo, não posso comprar amor, mas posso fazer qualquer outra coisa com dinheiro, basicamente. E por que eu acordo todos os dias e pulo da cama e fico animado aos 88? É porque eu amo o que faço e amo as pessoas com quem faço. Eu tenho 25 pessoas aqui. Nós vamos para jogos de beisebol juntos. Eles tentam tornar a minha vida boa, eu tento tornar a vida deles boa.”

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Retirei o trecho acima de uma entrevista recente do bilionário e megainvestidor americano Warren Buffett ao jornal britânico Financial Times.

O tempo passa devagar nesta semana. Já faz 13 anos que perdi minha mãe. Saudade grande. Apesar do tempo, sinto a presença dela na expressão dos meus filhos, netos que ela nunca conheceu.

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Mesmo Buffett sabe que amor não se compra, e de mãe, então…

O tempo faz com que a música da vida não pare de tocar. Ficamos nostálgicos quando encontramos fotos antigas dos filhos. Sentimos que tudo passa rápido demais.

E nem todo o dinheiro do Sábio de Omaha é suficiente para comprar o tempo.

Tempo, como Buffett sabe, é a base das finanças e dos investimentos.

Taxa de retorno só faz sentido se vier dentro de uma medida de tempo. Um por cento ao mês pode ser ótimo, já no ano você está perdendo de longe para a inflação.

A oitava maravilha do mundo, os juros compostos, é um fenômeno observável no tempo. Se você acha que 1 por cento é ótimo, deixe o dinheiro lá por 10 anos e você receberá 230 por cento de retorno. Com 20 anos, o retorno se aproxima de 1.000 por cento.

Planos de negócios, projeções, expectativas de retorno. Todas as razões para motivar (ou descartar) um investimento tomam por base a dimensão do tempo.

Bud Fox, o personagem de Charlie Sheen no clássico filme “Wall Street”, sonhava em ter a edição do dia seguinte do Wall Street Journal. Comprando apenas um dia no futuro, poderia ter dinheiro para enriquecer gerações a fio.

Ainda sobre o tempo (que espaço um autor de newsletter de investimento tem para falar de amor?), como não falar de previdência, o tema do momento.

A crise que está afetando o sistema público está intimamente ligada ao aumento da expectativa de vida. Parece que aqui há um furo na declaração do Buffett. É possível, sim, comprar mais tempo. Hábitos mais saudáveis  e cuidados com a saúde são os melhores investimentos para quem busca uma vida mais longeva.

Preparar-se para o futuro financeiro também é outra maneira de se comprar um tempo melhor.

Até hoje me recordo das risadas da minha turma de trainees do Bank Boston, lá no início dos anos 90, quando um de nossos colegas indagou sobre a existência de um fundo de previdência para funcionários. Jovens de vinte e poucos anos julgam-se imortais e planejar a aposentadoria soa nonsense.

Ironicamente, quanto mais cedo se pensa no tema, mais preparado se está. Não é preciso ser expert em cálculos atuariais para saber que o tempo joga a favor de quem poupa. O início tardio de um fundo de previdência exige aportes maiores sob o risco de termos uma aposentadoria financeiramente apertada.

Para complicar, a oferta de fundos de previdência no Brasil é pródiga em veículos ruins. Com taxas altas e performance medíocre, não há tempo no mundo que compense um mal investimento.

O meu mapa da previdência foi elaborado pela Luciana Seabra, meu anjo da guarda do tema. Invisto no FoF SuperPrevidência e recentemente recomendei que meu pai fizesse o mesmo.

Lembre-se: a ampulheta da vida não vira.

Deixo você agora com os destaques da semana.

Um abraço e boa leitura,

Caio

P.S.: A gestora Vitreo, patrocinadora da Empiricus, oferece a facilidade de investir diretamente no FoF SuperPrevidência . Sob a inspiração de Warren Buffett, estou montando fundos de previdência lá para a próxima geração de Mesquitas.