Opinião

Caio Davidoff: A inclusão chegou aos meios de pagamento

01 fev 2019, 18:31 - atualizado em 01 fev 2019, 18:31

Por Caio Davidoff, sócio fundador e CEO da Pagcom

O mercado de soluções de meios de pagamento começou o ano com uma expectativa de concorrência ainda mais acirrada entre os players pela atenção do consumidor, o grande ganhador dessa disputa. A resolução recentemente aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) vem abrindo espaço para que instituições financeiras e credenciadoras de cartões possam competir na antecipação de recebíveis. Essa nova regra diminui a “trava bancária” que obriga lojistas a fazer operações de antecipação de recebíveis com uma única instituição financeira.

Na prática, agora o lojista pode fazer novas operações de antecipação de recebíveis, seja com a credenciadora de sua maquininha de cartões, ou com outras instituições financeiras. Essa nova dinâmica já está trazendo maior eficiência e concorrência no segmento de cartões, favorecendo especialmente a atividade dos pequenos comerciantes e profissionais autônomos. Todo mundo sabe que as veteranas do setor, controladas por grandes bancos, podem se dar ao luxo de queimar margens para lidar com a forte concorrência. Por outro lado, as empresas mais novas vêm se apoiando na abertura de capital no exterior e principalmente em atender os anseios dos clientes.

A adoção das maquininhas de cartão pelos pequenos empreendedores é cada vez maior. Uma pesquisa feita pelo Sebrae no final de 2018 mostrou que nos últimos dois anos o uso de maquininhas de cartões de crédito e débito cresceu consideravelmente e já é realidade para 46% dos pequenos negócios. Somente no 1º semestre do ano passado, o Brasil registrou 8,8 bilhões de transações com cartões (considerando as modalidades débito, crédito e pré-pago), aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2017, apontam dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviço (Abecs). A própria associação anunciou recentemente que vai lançar uma modalidade de pagamento a prazo similar ao crediário que será disponibilizada nas próprias maquininhas de cartão.

Além de expandir os horizontes do ecossistema financeiro brasileiro e estimular o empreendedorismo, o amplo acesso a soluções de meios de pagamento por parte dos pequenos irá proporcionar custos de manutenção mais atraentes e maiores vantagens ao consumidor, que poderá escolher ainda mais como prefere pagar por produtos e serviços no dia a dia.

Enquanto a indústria financeira se esforça para seguir a trilha de inovação, as pessoas estão atrás de soluções que tragam praticidade e entreguem agilidade. Prova disso é o crescimento de 70% das transações financeiras executadas via aplicativos de celular no Brasil em 2017, quando o volume de transações totalizou R$ 1,36 trilhão, segundo a Abecs.

O boom das fintechs no Brasil é reconhecidamente o mais avançado da América Latina, a ponto de desafiar os modelos tradicionais e competir diretamente com grandes bancos, de acordo com analistas de grandes empresas globais de serviços financeiros, que não por acaso estiveram em visita ao país recentemente. Além das grandes instituições financeiras, até as grandes varejistas vêm buscando oferecer soluções de fintechs para não sucumbir aos novos tempos de disrupção. O resultado é inequívoco: a inclusão chegou de vez aos meios de pagamento. E esse caminho não tem volta.

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