Grãos

Cafeicultor do Brasil aponta ao governo quebra de 40% da safra de arábica em 2021

06 nov 2020, 11:45 - atualizado em 06 nov 2020, 11:45
São João da Boa Vista, café
Mas a projeção da associação aponta um problema mais drástico para a colheita da variedade arábica, que representa cerca de 75% da produção de café do Brasil, maior produtor e exportador global (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A Associação dos Cafeicultores do Brasil (Sincal) enviou carta a autoridades como a ministra Tereza Cristina nesta sexta-feira apontando uma quebra de cerca de 40% na safra de café arábica do país de 2021 em relação ao potencial produtivo para o período, citando uma seca histórica e altas temperaturas nas lavouras.

Especialistas têm relatado há algumas semanas esses problemas climáticos, que afetaram as floradas e levaram a podas em muitos cafezais.

Mas a projeção da associação aponta um problema mais drástico para a colheita da variedade arábica, que representa cerca de 75% da produção de café do Brasil, maior produtor e exportador global.

A safra de 2021 já seria o ano de baixa produtividade do ciclo bienal desse tipo de grão, que intercala grandes e menores colheitas.

Mas o clima é um agravante, disse o Sincal, considerando a possibilidade de a produção de arábica não atingir nem mesmo 20 milhões de sacas, versus 47,38 milhões de sacas em 2020, ano de alta produtividade do ciclo que ficou muito perto do recorde de 2018, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Dentro de um quadro de normalidade climática e devido à bienalidade natural do parque cafeeiro de arábicos, seria esperado o Brasil colher em 2021 volume semelhante à safra de 2019, isto é, 34 milhões de sacas. Porém arriscamos dizer que a safra 2021/2022 poderá não chegar aos 20 milhões de sacas…”, disse a associação.

Café
A safra de 2021 já seria o ano de baixa produtividade do ciclo bienal desse tipo de grão, que intercala grandes e menores colheitas (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Esse volume seria inferior em cerca de 40% “daquilo que havia de expectativa e potencial”.

Segundo a associação, até o momento “as chuvas permanecem poucas e irregulares”. O órgão representante de produtores disse ainda que, “se clima não normalizar imediatamente, poderá também trazer prejuízos para as safras após 2021”.

De acordo com a associação, “medidas urgentes devem ser tomadas para ajudar os cafeicultores brasileiros”.

“É necessário um plano de ação estratégico urgente para recuperar o parque cafeeiro do Sul de Minas, Mogiana, Norte do Paraná e Rondônia”, afirmou.

“Informamos que não há estoques de cafés de safras passadas, os estoques governamentais de café são inexistentes, e que o excedente de café produzido na safra de 2020/2021 será insuficiente para cobrir o déficit de café da safra de 2021/2022”, disse a associação, em carta assinada pelo seu presidente Armando Mattiello e pelo diretor Marco Antonio Jacob.

Uma correspondência do Ministério da Agricultura em que o secretário de Política Agrícola, César Halum, acusa o recebimento de um alerta anterior do Sincal foi encaminhada à Reuters pela associação.

Segundo Halum, o governo está acompanhando a situação para tratar das propostas dos representantes do setor para mitigar os efeitos adversos da seca.

Integrantes do mercado, contudo, avaliam que o quadro não é tão ruim quanto o pintado pela associação de produtores.

Na véspera, o banco de investimento Itaú BBA avaliou que a safra total do Brasil (incluindo grãos da variedade robusta) em 2021 deve ficar entre 53,6 milhões e 58,3 milhões de sacas de 60 kg, ante 67,9 milhões de sacas projetadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) para a atual temporada.

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