Agronegócio

Café sente geada até no Cerrado, mas moderação faz Nova York devolver ganhos

08 jul 2019, 15:29 - atualizado em 12 jul 2019, 12:07
Café
Geadas já estavam nos preços da ICE na semana passada e intensidade menor e poucas áreas mais críticas estimulam vendas (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A massa de ar que passou forte pelo Sudeste e Centro-Oeste desde sexta chegou também ao café do Cerrado mineiro e queimou parte das plantas ainda que em uma área muito pequena, além do mais tradicional impacto maior nas lavouras do Sul do estado. Mesmo assim, Nova York veio com forte baixa desde a manhã desta segunda (8).

O mercado já havia precificado a tendência de geadas sobre a cultura semi-perene brasileira mais sensível ao fenômeno, só que como foram poucas áreas mais afetadas e a intensidade média foi razoável – apesar a avaliação das cooperativas estar em andamento  – os fundos e traders devolveram na Ice Futures vendo menores riscos para a safra a ser colhida em 2020.

Também a geada de “capote”, que atinge mais as partes externas das plantas, prevaleceu, diminuindo o risco de prejuízo, pois atinge os pés adultos.

O futuro de setembro recuou 400 pontos, ficando em 107.10 cents de dólar por libra-peso. Mesmo o julho, faltando pouco para sair da tela, perdeu 390 pontos.

“Os ganhos da semana passada já embutiam as geadas e o mercado teve que devolver”, raciocina Simão Pedro de Lima, diretor-superintendente da Expocaccer, a cooperativa do Cerrado de Minas Gerais, com base em Patrocínio.

A mesma opinião de Jânio Zeferinno da Silva, consultor da AgroEasy.

Áreas afetadas

Da área dos cerrados, as mais afetadas foram em Patrocínio (que marcou 2,2 graus às 7hs deste domingo) e região, basicamente nos baixios. Em lugares mais altos e mesmo fora do Cerrado, onde também a Expocaccer origina o grão, como Araguari, no Triângulo Mineiro, foi mais moderada.

Do total de 220 mil hectares com café, num potencial para 240 mil, Lima estima entre 3% e 5% de afetação. “Só que onde foi afetado, foi forte e vai ter que ser replantado”, avalia o chefe geral da cooperativa, que espera de 7,5 a 7,8 milhões de sacas para 2020 para todo o Cerrado mineiro, por enquanto sem prejuízo do volume. Na safra em andamento, a Expocaccer deve chegar a 6,5 milhões/s.

Apesar de que a situação requer atenção, pois em até agosto já se sofreu com geadas na região, o superintendente da cooperativa do Cerrado lembra que o maior perigo por lá é a seca em agosto. Mesmo com 60% do café irrigado, seca forte causa evapotranspiração.

Na Minasul, com sede em Varginha, no Sul mineiro, a situação de geadas nas baixadas prevaleceu. Mas como a cooperativa alcança 204 municípios, incluindo zonas como Serra da Mantiqueira e Cerrado, José Marcos Magalhães esta esperando os agrônomos reportarem a situação das geadas. Eles estão ‘correndo trecho’.

“Algum prejuízo deverá ter sim para a próxima safra, não tem como escapar”, admite o presidente da segunda maior cooperativa brasileira de café (atrás da Cooxupé), não só com a queimadura da planta como também pela alteração do metabolismo.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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