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Cadeias de carnes de SC vê a China com potencial de bisar uma nova crise do milho

30 jan 2023, 11:56 - atualizado em 30 jan 2023, 12:05
Frango Carnes Agronegócio
Produção avícola de SC, e frigoríficos, advertem para os riscos de preços do milho com a demanda chinesa (Imagem: Reuters/Rodolfo Buhrer)

Já aconteceu com a soja, com o milho e até com o arroz. Em 2023, pode acontecer de novo com o milho. Ou, mais intensamente, em 2023.

Mercado internacional aquecido em 2020 e 2021 disparou as vendas externas brasileiras. O consumo interno pagou caro para manter os grãos aqui, cotado a preços da demanda mundial, e a inflação foi sentida.

Em cadeias integradas, como a do milho, com uma frente de distribuição mais alavancada na alimentação animal, o risco está no ar novamente e deixa os frigoríficos de Santa Catarina de cabelo em pé.

Em 2021, foram zeradas alíquotas de importação de terceiros mercados para aliviar.

O Sindicarne SC monitora a situação de a nova frente chinesa comprar mais 50 mil toneladas este ano, depois das facilitações dadas pelos asiáticos ao final de 2022, mas sob um potencial que pode passar dos 5 milhões de toneladas, de acordo com observadores que projetam mais a longo prazo.

O poder de enxugamento dessa oferta da China tem capacidade de encorajar as cotações de Chicago, como ocorre com a soja.

E para um estado movido às exportações de aves e suínos, onde 2/3 da necessidade de milho vem de outros estados, aos preços internacionais ainda conta o frete da oferta que acaba vindo do Centro-Oeste, uma vez que o Rio Grande do Sul não produz milho safrinha, de inverno.

José Antônio Ribas Jr, presidente da entidade dos produtores de carnes e derivados, ainda adverte que a recessão mundial que se avizinha também é um fator adicional de pressão, uma vez que os custos de produção possam não ser cobertos, na medida que os mercados pressionarão as carnes via consumo potencialmente mais acanhado.

Além dos programas de aumento de produção de milho no estado, o executivo também critica a logística de recebimento do grão de outras regiões.

Porém, como isso tudo é algo que só seria resolvido a longo prazo, a questão mesmo se reveste de maior urgência.

Vão ter mais exportação para China, os preços do cereal vão subir, os custos de produção irão junto, e o consumidor poderá pagar o pato, a menos que as vendas internacionais acabem não reproduzindo os temores e a oferta externa acabe sendo desviada internamente.

Em qualquer situação, o cenário não oferece expectativas para o Sindicarne SC, lembrando, ainda, que se 2022 a crise de oferta não se repetiu, houve o carrego da situação de 2021 mais os problemas que sobraram com o conflito da Ucrânia.

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