Cachinhos dourados podem presentear os EUA? Saiba o que esperar dos cortes de juros propostos pelo Fed
Na quarta-feira (31), será divulgada a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed), sobre o futuro das taxas de juros dos Estados Unidos (EUA).
Atualmente, a taxa de juros está entre 5,25% e 5,50% ao ano e a expectativa é de que ela seja mantida neste intervalo.
O CME FedWatch Tool, que analisa as probabilidades de cortes nas taxas de juros, mostra o que já é discutido entre os analistas. A probabilidade dos EUA cortarem as taxas na reunião de janeiro é de 2,1%, com os outros 97,9% apostando na estabilidade.
Já em maio, o cenário deve ser diferente: As possibilidade de cortes apontam para 84,6%, enquanto 15,4% indicam a manutenção das taxas.
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Para David Kohl, economista-chefe do banco suíço Julius Baer, a expectativa é de que as taxas de juros permaneçam as mesmas e de que o Federal Reserve realize os cortes apenas em maio.
Kohl afirma que os dados econômicos mais recentes, como o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do 4T23, foram mais fortes do que o esperado. Isso não só sugere que a economia do país evitou a recessão, mas também levanta a questão sobre a tese de pouso suave da economia dos EUA.
“Esperamos que o Fomc reitere que a política restritiva atual ainda é a ordem do dia até que a inflação diminua para a taxa de 2%. Prevemos uma trajetória mais cautelosa de cortes nas taxas do que os mercados esperam, com eles acontecendo no início de maio, e não em março”, finaliza o economista.
Para Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, nos Estados Unidos não são esperados movimentos de queda dos juros. “Em nossa análise, o Federal Reserve deverá iniciar uma redução dos juros apenas no segundo semestre de 2024”, afirma Simioni.
Cenário “Goldilocks” pode ser bom para o Fed?
Um cenário “Goldilocks“, Cachinhos Dourados em português, é aquele no qual um desaquecimento econômico é uma perspectiva distante, sendo positivo para ativos de maior risco.
Nessa situação, o crescimento econômico do país sustenta a tese de que a economia pode fugir de taxas crescentes de desemprego, queda de demanda e de altas pressões inflacionárias.
Com taxas de consumo altas e de taxas de desemprego baixas, Matheus Spiess, estrategista da Empiricus, afirma que o cenário de “Goldilocks” nunca esteve tão próximo de ser concretizado.
No entanto, o analista alerta para possíveis obstáculos para o Fed com esse cenário aparentemente ideal, “Normalmente, o ciclo econômico segue uma sequência: a economia superaquece, a inflação acelera e o Federal Reserve eleva as taxas de juros. Em seguida, a economia esfria, podendo até entrar em contração, antes de a inflação ser controlada”.
“O maior e mais rápido aumento nas taxas de juros em uma geração não desestabilizou a economia. Considerando o ‘gap’ com que a política monetária opera, especialmente num contexto pós-pandêmico, pode ser prematuro afirmar que o aumento das taxas de juros teve um impacto substancial na redução da inflação”, finaliza.