Opinião

Cacau dispara com a chegada das festas de fim de ano

13 nov 2019, 15:07 - atualizado em 13 nov 2019, 15:07
Segundo o colunista, com a chegada das festas o aumento da procura por doces e quitutes eleva os preços do cacau, ingrediente usado em confeitaria e bebidas açucaradas

As festas de fim de ano costumam ser uma boa temporada para os chocolates.

E, com a chegada dessa época de muitos outros doces e quitutes, a demanda e os preços do cacau, ingrediente usado em confeitaria e bebidas açucaradas, também aumentam.

Futuros do Cacau Semanal
Futuros do Cacau Semanal

No pregão desta terça-feira, os futuros do cacau na ICE de Nova York atingiram seu valor mais alto em um ano e meio, a US$ 2.648 por tonelada, com a aproximação de festividades como a Ação de Graças, na última semana de novembro, Hanucá, Natal e Ano-Novo, em dezembro.

Possível disparada

“Os gráficos semanais do cacau sugerem que pode haver uma disparada nas próximas semanas”, declarou Jack Scoville, analista do Price Futures Group, de Chicago, para commodities agrícolas, como cacau, caféaçúcar e suco de laranja.

Scoville declarou que a colheita estava ativa nesta semana na maior região produtora de cacau da África Ocidental, um prenúncio de “bons volumes e qualidade” para a safra vindoura. Ao contrário de outras commodities, a precificação do cacau é um tanto peculiar, no sentido de que se baseia na produtividade da “manteiga de cacau”, a partir das sementes colhidas.

É a manteiga do cacau que dá ao chocolate e ao sorvete seu sabor suave e cremoso. A trituração também produz o pó de cacau, usado em produtos de confeitaria, como bolos e biscoitos, e na produção de bebidas como chocolate quente.

É a manteiga, entendeu?

O excesso de sementes no mercado não deprime automaticamente o mercado de cacau, pois os preços dependem da qualidade. Quanto maior a qualidade da semente, maior será o volume e superioridade da manteiga. Os confeiteiros costumam pagar a mais por essas sementes.

A falta de sementes também gera uma produção escassa de manteiga de cacau como um todo. Isso pressiona os estoques de manteiga dos confeiteiros, desencadeando uma corrida pela oferta restante no mercado e inevitavelmente fazendo com que os preços subam.

Scoville afirmou que os dados de trituração do último trimestre que ele analisou foram “mistos, fazendo com que as pessoas se perguntassem se a demanda seria boa”.

A demanda pode ser “muito boa”, assim como a produção

Mas a atual ação dos preços também indicou que a demanda pode acabar sendo “muito boa”, declarou o analista.

Scoville disse ainda:

“As notícias provenientes da África Ocidental sugerem que pode haver uma grande safra na região. Os recebimentos da Costa do Marfim estão fortes e acima dos níveis do ano passado. O clima no país melhorou graças ao registro de chuvas frequentes”.

“A precipitação está um pouco menor agora, portanto não há grandes preocupações com transtornos. A previsão é que a próxima safra seja muito boa. Tanto a Costa do Marfim quanto Gana estão fazendo o que podem para impulsionar os preços do cacau”.

A Reuters, enquanto isso, noticiou na terça-feira que a estimativa de recebimentos de cacau nos portos da Costa do Marfim era de 446.000 toneladas de 1 de outubro a 10 de novembro, uma alta de 5,7% desde a última estação.

Gana, segunda maior produtora de cacau do mundo, vendeu cerca de 200.000 toneladas do produto para a temporada de 2020/21, com preços que incluíam um diferenciam de US$ 400 por tonelada, segundo a reportagem.

Um aumento da demanda de confeiteiros a hedge funds fez com que o cacau atingisse sua cotação mais alta em 2018, com retornos de 26%.

Outro excelente ano à vista para o cacau?

Neste ano, após ganhos modestos mas constantes entre fevereiro e junho, os preços do cacau vinham derrapando até a disparada de 13% em setembro.

Após outra queda modesta no mês passado, o mercado começou um nova retomada, disparando quase 10% em novembro. No acumulado do ano, apresenta uma alta de quase 22%.

Analistas da ADM Investors Service disseram que esperam que os futuros de cacau na ICE de Nova York superem a máxima de 18 meses de terça-feira, a US$ 2.648.

“Se os níveis de resistência forem penetrados, podemos ver um movimento de alta ainda maior. A tendência de curto prazo do mercado é positiva”, disseram os analistas da ADM em nota.

Mas se houver um rompimento dessa tendência, o suporte está em US$ 2.493 e, abaixo disso, em US$ 2.460, segundo os analistas.

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