Caçador de pechinchas, gestor revela ações da carteira; ‘Não é comum tanta oportunidade’
Luiz Fernando, CEO e gestor da Finacap, observa, com olhos atentos, o mercado acionário direto de Recife, capital de Pernambuco, e, portanto, fora do eixo Rio-São Paulo.
Em entrevista ao Money Times, o gestor revela que foram poucos os momentos que a gestora, que possui 25 anos de atuação, esteve tão diversificada. E o motivo é o fato da bolsa estar barata.
Segundo a plataforma Oceans 14, o preço sobre o lucro do Ibovespa é de 7,78 vezes, o mesmo nível da crise econômica de 2008.
Uma das filosofias da gestora é justamente ‘caçar’ pechinchas ou empresas que negociam abaixo do valor patrimonial, no melhor estilo de Benjamin Graham e seu value investing.
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“Temos uma abordagem de selecionar empresas que chamamos de baratas. Preço lucro baixo e o preço sobre o valor patrimonial e retorno de dividendos altos”, explica.
Nessa toada, o gestor revela pelo menos duas empresas que se encaixam nas características descritas acima: MRV (MRVE3) e Itaú (ITUB4).
A primeira sofre um começo de ano tenebroso, em meio aos cortes de recomendação de bancos e o ceticismo com as projeções da companhia.
Porém, para Luiz, isso é um problema circunstancial. No longo prazo, a companhia tem estofo para crescer.
Já o Itaú continua em momento único que, apesar da alta recente, ainda negocia a preços atrativos.
Abaixo você confere trechos da entrevista.
Money Times: Como está vendo o mercado atualmente?
Luiz Fernando: Acreditamos que a tendência é de fechamento da taxa, inclusive por conta da questão da inflação que deve ficar aí na meta do Banco Central, e, consequentemente, isso vai gerar um movimento de fluxo, da renda fixa para renda variável. Eu acho que esse é o principal movimento macro que deve afetar o fundo de ações.
Money Times: Quais são as estratégias em relação à carteira? Quais posições vocês estão expostos?
Luiz Fernando: A filosofia da casa é de valor. Temos uma abordagem de selecionar empresas que chamamos de baratas. Preço lucro baixo e o preço sobre o valor patrimonial e retorno de dividendos altos.
Sobre esse aspecto de precificação, temos uma bolsa muito barata em vários setores. Então hoje, eu diria que, na história, é um dos poucos momentos que estamos diversificados em vários setores porque a gente está encontrando barganhas. E de forma generalizada.
Várias empresas boas e baratas. Não é comum ter no mercado tanta oportunidade disponível.
Inclusive nas empresas mais líquidas, as principais empresas do índice Bovespa.
Setor financeiro, as empresas de commodities, de minério de ferro, a Petrobras (PETR4), as empresas siderúrgicas e os bancos, por exemplo, são as empresas mais líquidas, que possuem a maior participação de Ibovespa e são hoje, coincidentemente, as empresas que estamos vendo maior oportunidade de upside.
Porque estão muito descontados em relação ao valor histórico. Então temos muita commoditie, bancos. Esses dois setores representam 50% da nossa posição hoje.
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Money Times: Você falou ter muita pechincha no Ibovespa; poderia citar exemplo de empresas?
Luiz Fernando: A MRV possui um preço muito descontado. Invisto na MRV desde 2008. De 2008 para cá, a empresa aumentou várias vezes o tamanho, hoje produz mais de 40 mil unidades.
Tem negócio nos Estados Unidos, um negócio que é bem-sucedido até agora, e uma escala interessante.
Possui negócio na área de loteamento, é uma gestão que conhece o negócio e é top, principalmente nesse nicho de casa popular.
Estão no mercado desde a década de 80, então tem uma execução absurda e está negociando com um índice de preço/lucro com praticamente o valor patrimonial, preço lucro abaixo de sete vezes.
O negócio extremamente descontado, barato, testado, e um negócio infinito no Brasil.
Tem problemas circunstanciais, de inflação, do insumo específico, que afetou um pouco a margem dessa safra mais recente, mas é um negócio que está bem testado e na nossa opinião está descontado, uma barganha que a gente acha injustificada.
Money Times: Tem mais alguma outra ação que você destaca além da MRV?
Luiz Fernando: O Itaú também é um banco que entrega ROE em torno de 20% a mais de 20 anos.
Tem essa questão da disrupção tecnológica que, apesar de ser importante, no caso do Itaú é um banco que claramente está fazendo investimento e está se adequando ao novo contexto de forma rápida.
Ele ainda mantém o nível de rentabilidade altíssima, também está com múltiplos que, com 20 anos no mercado, poucas vezes, eu vi esse nível de desconto para a ação.