Internacional

Financial Times pula fora e cancela apoio à evento que homenageará Jair Bolsonaro

02 maio 2019, 23:36 - atualizado em 02 maio 2019, 23:46
Declarações de Bolsonaro contra gays tem afastado patrocinadores de jantar de galã que está sendo promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos

O jornal britânico Financial Times desistiu de apoiar o jantar de gala que será feito para homenagear o presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O evento, organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos e que está marcado para ocorrer dia 14 de maio, acaba de perder mais um patrocinador após a recente desistência da companhia aérea Delta e da consultoria Brain & Company.

Um porta-voz do jornal, citado em reportagem do britânico The Guardian, confirmou que deixaria de ser um parceiro de mídia para a cerimônia de homenagem a Bolsonaro, mas acrescentou que pretendia “manter uma parceria com a Câmara de Comércio Brasil-EUA” em outros eventos.

A escolha de Bolsonaro como um dos homenageados em 2019 levou à reação de movimentos sociais, que prometem fazer protestos em frente ao local que sediar o evento. A frente do movimento de resistência está o próprio prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que já chegou a pedir o cancelamento da festa e o chamou de “racista e homofóbico”.

O evento para homenagear Bolsonaro sofre pressão de movimentos a favor da causa LGBT. Ativistas contra a cerimônia acusam o presidente brasileiro de ser “homofóbico”, principalmente após ele afirmar na semana passada que queria impedir que o Brasil fosse um “paraíso do turismo gay”.

“Se alguém ‘quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade’. ‘O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias”, disse o presidente brasileiro.

Bolsonaro também vetou recentemente a divulgação de uma campanha publicitária do Banco do Brasil que defendia a diversidade. A peça era estrelada, entre outros, por negros, tatuados e transexuais.

Antes de assumir a Presidência, Bolsonaro já havia dito que preferia que seu filho morresse a ser gay e que casais do mesmo sexo que vivem em um prédio de apartamentos podem causar a queda dos preços das casas.

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Boicote em crescimento

Inicialmente duas instituições se recusaram a receber o evento. O primeiro foi o Museu de História Natural, que, ao saber que Bolsonaro seria homenageado, decidiu cancelar o aluguel de seu salão de festas para os organizadores. Dias depois, o mesmo foi feito pelo Cipriani Hall.

A aérea Delta foi a primeira empresa a anunciar, em 30 de abril, que desistiu de patrocinar o evento. A empresa não comentou a decisão.

Depois, de acordo com a rede de televisão americana CNN, a consultoria Bain & Company também cancelou o apoio ao evento. “Encorajar e celebrar a diversidade é um valor central para a Bain”, escreveu a consultoria em nota.

Nesta quinta-feira foi a vez do Financial Times, sem comentar a decisão. Muitas multinacionais, incluindo bancos como Morgan Stanley, Santander e HSBC, continuam listadas como patrocinadores do evento.

Turismo gay no Brasil

Criticado por Bolsonaro, turismo gay cresceu 11% no Brasil, segundo informou reportagem do jornal O Globo. O setor, que gera receitas de US$ 218 bilhões no mundo, avançou mais no país do que o turismo geral em 2017.