BTG vê melhora para soja e milho após USDA, mas sem grandes mudanças, e lista 4 ações como preferidas
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Na última sexta-feira (10), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu suas estimativas para a produção de milho e soja dos EUA.
A redução foi maior que o esperado pelos analistas, e fez com que os preços das commodities fechassem com alta naquele dia, com a soja avançando 3,3% e o milho 2,8%.
De acordo com o BTG Pactual, o corte na estimativa de produção dos grãos deve resultar em menores estoques e uma revisão para baixo nos níveis de StU (indicador de relação entre oferta e demanda). Até certo ponto, o mercado realmente esperava que a produção dos EUA fosse reduzida, mas a magnitude da revisão foi surpreendente.
Ainda que o relatório tenha sido uma surpresa, os analistas do banco apontam que é muito cedo para se tornar otimista com os preços.
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“O relatório deve fornecer uma proteção para os preços spot da soja e do milho, e em certa medida, reforçar nossa visão de que, embora os catalisadores para uma visão otimista sejam escassos, a queda também pareceu muito limitada. No entanto, ainda acreditamos que é muito cedo para dizer que quaisquer mudanças estruturais em ambos os mercados estão se materializando, dificultando a previsão de uma alta significativa nos preços no futuro próximo”, apontam Thiago Duarte e Guilherme Guttila.
As ações preferidas pelo BTG Pactual
Embora mudanças estruturais pareçam improváveis, uma perspectiva mais favorável para preços de commodities é positiva para empresas do agronegócio como SLC Agricola (SLCE3), BrasilAgro (AGRO3) e 3tentos (TTEN3).
“A SLC continua sendo um investimento atraente de longo prazo, oferecendo um perfil de crescimento atraente e atualmente sendo negociada com um rendimento de FCF de dois dígitos. Um pico nos preços das commodities, combinado com a depreciação do real, podem fornecer suporte de curto prazo para as ações”, comentam.
Da mesma forma, a 3tentos e a BrasilAgro devem se beneficiar de mais correções positivas nos preços das commodities. Para os frigoríficos, o aumento da inflação de custos não é favorável. Segundo o banco, já foram observadas os primeiros sinais dessa tendência no segundo semestre de 2024 e as previsões reduzidas da safra do USDA podem acentuar esse processo, adicionando mais pressão às margens de aves e suínos.
“Somos neutro para BRF (BRFS3) com nossa expectativa de ventos contrários de margem neste ano, impulsionados pelo aumento dos custos de ração e o início de uma desaceleração no ciclo avícola. Embora isso também seja um desafio para a JBS (JBSS3), continuamos compradores, pois ela oferece o melhor perfil de risco-recompensa do setor, que lhe permite navegar melhor em um ambiente desafiador para preços de commodities”.
Entre as ações, o BTG conta com as seguintes recomendações:
- SLC: compra, preço-alvo de R$ 24 (potencial de alta de 40%)
- BrasilAgro: compra, preço-alvo de R$ 31 (potencial de alta de 40%)
- 3tentos: compra, preço-alvo de R$ 22 (potencial de alta de 61%)
- JBS: compra, preço-alvo de R$ 48 (potencial de alta de 36%)
- BRF: neutro, preço-alvo de R$ 25 (potencial de alta de 6%)
Os principais destaques do relatório do USDA
- Soja: perspectiva melhorou marginalmente, mas o excedente para a safra 24/25 ainda é esperado em 16 milhões de toneladas; StU caiu 1,0 p.p. m/m para 31,7%
- Milho: os estoques finais caíram 3 milhões de toneladas m/m, levando a uma relação StU marginalmente mais apertada (-0,3 p.p. para 23,7%). A produção dos EUA agora está prevista em 378 milhões de toneladas, abaixo das 384 milhões de toneladas em dezembro.
- Algodão: um excedente de fardos de 3,8 milhões, com StU aumentando em 1,6 p.p. m/m para 67,2%. Revisões para cima na safra chinesa foram o principal gatilho.
- Trigo: sem grandes mudanças; produção global esperada em 793 milhões de toneladas com StU em 32,3%, ambos estáveis m/m.
- Arroz: sem grandes surpresas para o arroz também; safra global esperada em 533 milhões de toneladas com StU m/m estável em 34,3%; produção brasileira atualmente em 8 milhões de toneladas.