BTG prefere Pão de Açúcar a Carrefour no curto prazo
O BTG Pactual iniciou a cobertura das ações do Carrefour Brasil (CRFB3), com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 20,00 – o que representa um upside (potencial de valorização) de 19,5% em relação ao fechamento da última segunda-feira (10). O múltiplo de preço da ação sobre lucro (P/L) para 12 meses é estimado é de 20 vezes.
Conforme os analistas Fabio Monteiro e Luis Guanais, a tese de investimento na companhia é pautada nos prospectos de crescimento e na execução superior do cash-and-carry (Atacadão); proporção de maior valor nos segmentos imobiliário e de serviços financeiros; maior prognóstico de inflação de alimentos, aliviando as pressões na margem; e iniciativas para aumentar a lucratividade.
No entanto, a recomendação neutra dos papéis é justificada pelas expectativas positivas não se materializarem totalmente no momento atual, especialmente devido a pequena margem no canal de supermercados e hipermercados da companhia, em especial com o avanço da modalidade “atacarejo”.
Alta complexidade, novo formato
A equipe de análise do BTG Pactual também ressalta no relatório a complexidade elevada do setor de alimentos, seja pelo grande número de fornecedores (com marcas estabelecidas e alto poder de barganha), seja pela existência de um player forte local em cada estado, a despeito do setor ser liderado por peers estrangeiros.
Outro ponto de atenção no relatório é a crescente transformação do setor via mudanças nos hábitos dos consumidores, que atualmente preferem marcas mais baratas e vão menos presencialmente às lojas. “O papel anterior dos hipermercados no varejo de alimentos, i.e. conceito one-stop-shop, tem sido mudado por um formato cash-and-carry”, destacam os analistas, afirmando ainda que, em decorrência da mudança de hábitos dos consumidores, os hipermercados adotam atualmente um approach com elasticidade-preço superior, tendência que deve permanecer e sacrificar margens.
Longo prazo
Por fim, os analistas destacam que preferem as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) no curto prazo, devido ao melhor momentum operacional. Contudo, no longo prazo, o BTG ressalta as ações do Carrefour Brasil, pelo seu maior valor intrínseco e pela maior exposição ao formato “cash-and-carry”, que representa 70% das vendas atuais. Além disso, a “excelente execução” do Banco Carrefour corrobora para o otimismo no longo prazo, o que deverá “gerar retornos decentes nos anos vindouros” do segmento financeiro.