BTG Pactual vê Selic a 12,50% ao final do ciclo de aperto; por que o banco elevou a projeção?
O BTG Pactual revisou suas projeções para o ciclo de aperto monetário no Brasil, após a divulgação do Relatório de Inflação (RI) do terceiro trimestre deste ano.
Agora, o banco prevê altas de 0,50 ponto percentual (p.p.) na Selic nas reuniões de novembro, dezembro e janeiro e mais um movimento final de 0,25 p.p. em março de 2025. Assim, o aperto total que antes seria de 1,50 p.p., segundo o banco, passou para 2 p.p. — levando a taxa a 12,50% ao ano.
Os analistas avaliam que, no geral, o tom do Banco Central (BC) continua “hawkish”. “Neste RI, tanto a linguagem quanto, principalmente, os detalhes adicionais fornecidos pelas projeções condicionais de inflação reforçaram essa visão”, afirmam.
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A coletiva de imprensa, após a divulgação, trouxe algumas nuances em relação à última perspectiva da autarquia, mas não alteraram a mensagem transmitida desde a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro.
“Continuaremos monitorando a reação dos ativos financeiros aos acontecimentos internacionais e, principalmente, o ritmo de crescimento econômico e as expectativas de inflação para quaisquer potenciais ajustes nesta projeção”, dizem Bruno Balassiano, Bruno Martins e Claudio Ferraz.
As revisões do Relatório de Inflação
O BC melhorou sua projeção de crescimento econômico em 2024 a 3,2%, ante patamar de 2,3% estimado em junho, conforme o RI divulgado na quinta-feira (26), com impacto menor que o esperado das enchentes no Rio Grande do Sul, mas prevendo uma desaceleração no país em 2025.
A autarquia afirmou que a revisão para cima para o PIB deste ano decorre principalmente da “elevada surpresa” positiva no segundo trimestre, mas ponderou que espera um menor ritmo na segunda metade deste ano e ao longo de 2025, ano para o qual a autarquia projeta um crescimento de 2,0%.
Para a inflação, na reunião deste mês, o Copom piorou suas próprias projeções, vendo inflação de 4,3% em 2024 e de 3,7% em 2025, com o relatório desta quinta apontando uma estimativa de 3,3% em 2026.
Os analistas do BTG Pactual avaliam que, apesar da substancial revisão para cima da projeção de crescimento deste ano e da reavaliação do hiato do produto para território positivo, as projeções de inflação condicional no cenário base, que já vinham acima do esperado para o primeiro trimestre de 2026, revelaram patamares ainda elevados para o trimestre seguinte.
“Assim, a comunicação de setembro mostra que o Copom reconheceu, no cenário doméstico, que a atividade econômica tem mostrado mais força do que o esperado e, em termos de inflação, vê um processo mais desafiador para convergência em direção à meta, citando assimetria de alta em seu balanço de riscos”, dizem.
“Reconhecemos que o Comitê preferiu, devido às incertezas, não fornecer guidance, mas insiste em seu firme compromisso de trazer a inflação para a meta”, reiteram.