BTG Pactual: diante do coronavírus, prefira SLC e Brasil Agro a São Martinho
O BTG Pactual (BPAC11) revisou suas recomendações para as empresas de agronegócios, a fim de atualizá-las com o impacto do coronavírus. Segundo o banco, os produtores de grãos e algodão apresentam, neste momento, um balanço mais razoável entre riscos e ganhos potenciais, que os usineiros de açúcar e álcool.
Thiago Duarte e Pedro Soares, que assinam o relatório, afirmam que o setor sucroalcooleiro tende a sofrer os efeitos colaterais da queda do barril de petróleo no mercado mundial. Isto porque, a Petrobras (PETR3; PETR4) deve acompanhar a curva de preços, o que arrastará, por tabela, o preço do etanol.
A dupla considera menos provável uma queda na cotação dos grãos. Além disso, a desvalorização do real dá um fôlego extra aos exportações de commodities agrícolas. O cenário para o algodão também é favorável.
Causa e consequência
Por isso, o BTG elevou o preço-alvo da Brasil Agro (AGRO3) de R$ 18 para R$ 22, e da SLC Agrícola (SLCE3) de R$ 22 para R$ 29. Ambas receberam recomendação de compra. Já a São Martinho (SMTO3) baixou de R$ 25 para R$ 21, com recomendação neutra.
“Acreditamos que os fundamentos para os produtores rurais oferecem uma proposta mais convincente de valor, sustentada por uma combinação de ótima previsibilidade das receitas e baixos riscos para os preços, o que se traduz em yields mais favoráveis de fluxo livre de caixa”, afirmam os analistas.
Das empresas mencionadas, o destaque do BTG Pactual é a SLC Agrícola, apontada como sua top pick (a favorita do banco).
Apesar da queda de 14% no valor dos papéis neste ano, a companhia é a “mais bem posicionada”, entre as cobertas pelo banco, para se beneficiar com a desvalorização cambial, a demanda resiliente por grãos e um cenário potencialmente mais construtivo no segundo semestre.
Esquecida pelo mercado
Os analistas acrescentam que a Brasil Agro é um “caso negligenciado” pelo mercado. Para a dupla, a empresa encontrou um balanço ideal entre a criação de valor e a geração resiliente de caixa.
A Brasil Agro mantém um mix “perto do ideal” de destruição de suas terras, com cerca de um terço ainda não cultivado, um terço em desenvolvimento e um terço já maduro. “Vemos a empresa entregar outro ano de sonoros resultados, baseados na operação de grãos”.
Por fim, a São Martinho permanece numa confortável posição de liquidez, de acordo com o BTG, mas é prejudicada pelos baixos preços da gasolina (que são classificados como “persistentes” pelos analistas), o que pressiona o valor do etanol.
Tal conjuntura implica em espaço para rebaixar as projeções de lucro da empresa.