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BTG Pactual chama atenção para 5 ações após conferência sobre commodities

10 set 2024, 13:30 - atualizado em 10 set 2024, 13:30
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Banco chama atenção para nova política de dividendos e boas perspectivas sobre o ciclo do gado e de aves; veja recomendação para ações (iStock.com/sqback)

O BTG Pactual realizou esta semana sua primeira “Rio Commodities Conference”. O banco segue com sua mesma visão para as ações dentro do universo do agronegócio.

Para o BTG Pactual, há cinco pontos de destaque no setor, entre eles:

  1. O ciclo robusto da avicultura no Brasil e nos EUA deve continuar a dar suporte ao momento positivo dos lucros do setor;
  2. Apesar de não projetarem um aumento significativo para commodities, o poder de lucro da SLC Agrícola (SLCE3) deve se beneficiar pela expansão de sua área plantada;
  3. Os preços resilientes das sementes, que se mostraram mais inelásticos do que o esperado, devem ajudar a Boa Safra (SOJA3) a entregar melhores resultados, apesar dos desafios climáticos que afetam a produção de sementes este ano;
  4. Os planos de crescimento da 3tentos (TTEN3) estão no caminho certo, impulsionados pela maior demanda esperada por biodiesel da lei “Combustível do Futuro” e da próxima usina de etanol de milho, que deve começar a operar no 1T26;
  5. A Minerva (BEEF3) mantém uma perspectiva positiva sobre o ciclo do gado e os mercados de exportação do Brasil este ano.

Com isso, a instituição destacou alguns pontos para as empresas que estiveram presentes na conferência.

JBS (JBSS3)

O principal tema debatido ficou para o segmento de aves onde a JBS continua a reportar resultados recordes em suas operações no Brasil (Seara) e nos EUA (PPC).

A gerência reiterou sua visão otimista sobre o ciclo, afirmando que os spreads devem permanecer altos por mais alguns trimestres, impulsionados pelas dificuldades contínuas em aumentar a oferta devido a problemas genéticos e pela falta de reprodutores disponíveis para aumentar a produção no curto prazo.

Em relação à carne bovina dos EUA, a JBS não espera uma melhora em breve, com a retenção de gado provavelmente se intensificando e as margens definidas para se recuperar apenas em 2027.

Outro tópico importante foi a listagem planejada nos EUA, que depende da aprovação da SEC — embora o momento exato permaneça incerto. Uma vez aprovado, o processo deve levar cerca de três meses. “Uma nova política de dividendos pode ser introduzida após a listagem nos EUA, potencialmente acima do mínimo atual de 25%”, explicam Thiago Duarte e Guilherme Guttila.

Minerva (BEEF3)

Para o banco, o ano de 2024 deve terminar em alta. O Brasil continua a ter amplos suprimentos de gado, alimentados pela melhora da produção de vacas e bezerros e pela liquidação de novilhas mais alta de todos os tempos. Isso permitiu um crescimento de volume de dois dígitos e melhores spreads de carne bovina/gado.

A demanda global por carne bovina também parece corroborar isso, com a China pagando preços mais altos recentemente e menores suprimentos de carne bovina dos EUA, tudo mantendo um S-D global apertado.

Como as margens do 2S24 parecem mais fortes, os analistas seguem confortáveis com a projeção de R$ 3 bilhões para o Ebitda em 2024, após a empresa faturar R$ 1,37 bilhão no primeiro semestre.

No entanto, o caso da Minerva hoje é menos sobre o cenário operacional de 2024 e mais sobre a capacidade de entregar a integração dos ativos que serão adquiridos em breve da Marfrig e o caminho de desalavancagem à frente.

“A aprovação do negócio pode ser iminente, e vemos o índice de alavancagem líquida atingindo mais de 4x. A história do patrimônio permanece um tanto binária, dependendo do sucesso da integração e da capacidade de entregar em ou acima do nosso EBITDA de R$ 4 bilhões em 2025E, o que vemos como inflexível sobre descartar a necessidade de mais capital”, analisam.

SLC Agrícola (SLCE3)

Com melhores condições climáticas esperadas para a próxima safra e o recente arrendamento de três novas áreas, a área total plantada da SLC deve crescer significativamente para 730 mil hectares.

A declaração da administração de que, quando os preços das commodities estão altos, a empresa ganha dinheiro e, quando os preços estão baixos, a empresa cresce, se alinha com a tese do BTG Pactual de que mais acordos de arrendamento podem surgir, principalmente devido aos níveis atuais dos preços das commodities.

A SLC tem uma perspectiva mais cautelosa sobre os preços das commodities, especialmente para a soja, com o excedente de oferta esperado para a próxima temporada aumentando as relações estoque/uso e pressionando os preços. Por outro lado, eles estão mais otimistas sobre os preços do algodão devido à oferta e demanda mais equilibradas e menores níveis gerais de estoque. Se ocorrer alguma interrupção no fornecimento, os preços do algodão podem subir.

“Em relação à safra atual, a SLC normalmente começa o plantio de soja na segunda quinzena de setembro, o que significa que as recentes chuvas atrasadas ainda não impactaram as operações. No entanto, se as chuvas forem atrasadas por muito mais tempo, poderemos ver o plantio tardio, o que pode colocar em risco os rendimentos da segunda safra (algodão ou milho)”, veem os analistas.

Boa Safra (SOJA3)

Com a carteira de pedidos do 1S24 ficando abaixo das expectativas, todos os olhos estão voltados para o quanto ela pode se expandir no 3T24, principalmente com o plantio de soja começando em setembro. A gerência continua otimista, apontando para uma redução anual na disponibilidade de sementes no mercado, elevando os preços no 2S24.

Esta é uma mudança significativa, especialmente após uma queda de 15% no preço no 1S24, e deve permitir que a Boa Safra venda sementes a preços melhores do que eles poderiam ter alcançado no início do ano.

Uma conclusão notável foi como os preços das sementes não caíram em linha com os preços da soja, ressaltando a resiliência dos produtos da Boa Safra. Os agricultores parecem dispostos a pagar um prêmio se as sementes melhorarem a produtividade, aumentando, em última análise, sua lucratividade.

O BTG Pactual está confiante de que Boa Safra aumentará a produção de sementes este ano, alinhando-se com suas estimativas atuais.

3tentos (TTEN3)

A empresa está se expandindo no Mato Grosso (MT) e reafirma que as margens são entre 3 e 5 p.p. menores do que no Rio Grande do Sul (RS). No entanto, os tamanhos maiores de fazendas em MT resultam em menor lucratividade por unidade, mas em escala significativamente maior — há 96 mil produtores rurais no RS, em comparação com apenas 7 mil em MT.

A gerência está particularmente entusiasmada com a planta de etanol de milho, que está 40% concluída e programada para iniciar as operações no 1T26.

Eles acreditam que este será o empreendimento mais lucrativo da empresa até agora, e estão construindo um ecossistema no Vale do Araguaia, onde a usina está sendo construída.

As novas lojas na região servirão como centros para vender produtos aos agricultores e adquirir milho para a usina. “Após a conferência, continuamos otimistas sobre a trajetória de crescimento da 3tentos e mantemos nossas estimativas”.

Recomendações do BTG Pactual*

  • Minerva: neutro e preço-alvo de R$ 8,00 (potencial de alta de 13,15%)
  • Boa Safra: compra e preço-alvo de R$ 21,00 (potencial de alta de 65,88%)
  • SLC Agrícola: compra e preço-alvo de R$ 24,00 (potencial de alta de 39,86%)
  • JBS: compra e preço-alvo de R$ 47 (potencial de alta de 38,40%)
  • 3tentos: compra e preço-alvo de R$ 17 (potencial de alta de 36,88%)

*Com base na cotação por volta de 12h40 desta terça-feira (10)

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo.
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