BTG Pactual (BPAC11) provisiona 60% da exposição à Americanas e prevê recuperar tudo e mais
O BTG Pactual (BPAC11) apresentou nesta segunda-feira uma abordagem mais otimista do que outros grandes bancos sobre as chances de recuperar recursos empenhados com a Americanas, esperando recuperar até mais do que já provisionou para o caso.
Sem citação nominal, como têm feito os bancos em relação à companhia, o presidente-executivo do banco, Roberto Sallouti, afirmou que a provisão extra de 1,12 bilhão de reais para o “caso específico” feito no balanço do quarto trimestre, é suficiente e que o BTG pode recuperar até mais do que isso.
O valor excedente provisionado equivale a cerca de 60% da exposição do banco à varejista, que pediu recuperação judicial no mês passado após ter detectado ‘inconsistências contábeis” de cerca de 20 bilhões de reais. Na semana passada, o Itaú Unibanco e o Bradesco anunciaram provisões para 100% da exposição à empresa.
“Por se tratar de uma fraude, podemos recuperar até mais do que isso”, disse Sallouti em teleconferência com analistas sobre os resultados do quarto trimestre. A exposição do BTG à companhia é de cerca de 1,9 bilhão de reais.
O executivo revelou que a Americanas foi “o único caso” de grande cliente em que o BTG avaliou o risco de crédito com base nos seus principais acionistas, não na empresa individualmente. Os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira são os acionistas de referência da Americanas.
O BTG tem tentado, até agora sem sucesso, bloquear na Justiça parte dos recursos aprovados para a Americanas.
O chefe do BTG disse ainda que o banco não tem exposição a outras empresas em condição de fragilidade financeira, mas não deu detalhes. A Marisa anunciou na semana passada que contratou assessores para uma reestruturação financeira. E a Livraria Cultura teve falência decretada.
Sallouti disse que o cenário econômico atual mais hostil deve tornar os bancos mais seletivos e cobrar taxas maiores em operações com recebíveis de empresas, mas que o BTG considera adequadas as provisões que planeja fazer em 2023. “Não vemos nada de extraordinário no horizonte”.
Previsão construtiva
Mesmo com o impacto ligado à Americanas, o BTG teve uma reação amplamente positiva de analistas ao mix de resultados do quarto trimestre e perspectivas para 2023. O banco projetou que terá neste ano uma rentabilidade sobre o patrimônio superior aos 22% do ano passado.
O BTG teve lucro líquido de 1,64 bilhão de reais no quarto trimestre de 2022, ante 1,74 bilhão um ano antes.
O Goldman Sachs e o Citi chamaram o cenário do BTG de “construtivo” e mantiveram recomendação de compra para os papéis. Bradesco BBI e Safra também elogiaram os resultados e seguiram com ‘outperform’. Já o Itaú BBA chamou de “ambiciosas” as projeções e manteve recomendação ‘market perform’ para a unit, que subia 3,76% às 14h, enquanto o Ibovespa avançava 0,84%.