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BTG Pactual (BPAC11): JP Morgan eleva recomendação e aponta bom ponto de entrada

13 jan 2025, 9:30 - atualizado em 13 jan 2025, 9:30
BTG
JP Morgan eleva classificação do BTG Pactual para compra e projeta potencial de alta superior a 40% (Imagem: Divulgação/BTG)

O JP Morgan elevou a classificação do BTG Pactual (BPAC11) de neutra para overweight — equivalente à compra –, com preço-alvo para 2025 de R$ 38, projetando um potencial de alta superior a 40%.

A atualização, conforme relatório do banco norte-americano, ocorre após o desempenho abaixo do esperado em 2024, quando o BTG recuou 26%, ante queda de 11% do Ibovespa (IBOV). Os analistas apontam que o atual preço sobre lucro (P/L) de 7,3 vezes ao final de 2025 oferece um bom ponto de entrada para a companhia, que vem crescendo os lucros.

Apesar das condições desafiadoras, o JP Morgan projeta um CAGR (taxa de crescimento anual composta) de lucros de 16% entre 2024 e 2026 e antecipa que os múltiplos do BTG se alinhem aos do Itaú (ITUB4), dado seu ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) ligeiramente maior e menor pagamento.

Os analistas reconhecem que o BTG não se encaixa no típico perfil de alto rendimento de dividendos, e parte de suas receitas, como o banco de investimentos e de crédito corporativo, tendem a ser mais expostas a fatores macroeconômicos — que atualmente pesam sobre o mercado brasileiro.

Ainda assim, o JP Morgan observa que linhas de negócios mais defensivas, como gestão de ativos (~10% das receitas), gestão de patrimônio (~16%) e juros e outros (~17%) agora representam mais de 40% das receitas totais.

“Também esperamos que as vendas e negociação sejam relativamente resilientes (ou seja, acreditamos que parte do impulso do negócio da Eneva pode ser adiado para os próximos anos)”, dizem os analistas.

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Expectativa do JP Morgan para o BTG Pactual

O JP Morgan projeta uma desaceleração dos empréstimos corporativos do atual ritmo de crescimento de em média 30% ano a ano para em torno de 15% até o final de 2025.

Em relação aos spreads líquidos, os analistas incorporam uma redução marginal, já contabilizando provisões potencialmente maiores, refletindo uma potencial piora do ciclo, especialmente para o segundo semestre de 2025.

Os analistas do JP Morgan seguem projetando um crescimento de 15% a 20% na gestão de patrimônio e ativos, o que avaliam como “ótimo”, embora um pouco abaixo do crescimento de 27% a 28% observados nessas linhas ao longo dos nove primeiros meses de 2024.

Como resultado, as estimativas de lucro foram reduzidas em 2%, com os analistas projetando um ganho de R$ 14,5 bilhões em 2025, cerca de 23% de ROE.

“O BTG tem ganhado participação em diferentes produtos, e também acreditamos que sua recente onda de atividades de M&A (fusões e aquisições) sugere oportunidades futuras. Embora não seja sempre perfeito, acreditamos que o BTG tem um histórico geralmente positivo nessa área.”

Embora reconheça que o BTG tem mais potencial de crescimento, o JP Morgan ainda mantém o Itaú como principal escolha no setor, considerando seu retorno total, diversificação de receitas, menor custo de capital e potencial menor risco de baixa no lucro por ação.

Em relação à XP (XPBR31) e à B3 (B3SA3), o BTG é favorecido na avaliação do banco norte-americano.

Aquisição mais recente do BTG: Julius Baer Brasil

Na última semana, o BTG Pactual anunciou a aquisição de 100% do capital social da Julius Baer Brasil, uma das líderes no segmento de wealth management (gestão de fortunas), por R$ 615 milhões.

A Julius Baer detém R$ 61 bilhões de ativos sob gestão. Segundo o BTG, a aquisição faz parte da estratégia de expansão do segmento de family office do banco, que opera desde 2010, e, após a conclusão da transação, passará a gerir mais de R$ 100 bilhões.

A transação está sujeita à verificação de determinadas condições precedentes, incluindo a obtenção da aprovação do Banco Central e demais aprovações regulatórias necessárias. A conclusão é esperada para o primeiro trimestre de 2025.

Entre analistas, tanto a aquisição como o valor agradaram. Segundo a XP, a operação é positiva, pois complementa ainda mais as ofertas do banco no segmento de wealth management (serviço responsável por fazer a gestão de fortunas).

“Vale ressaltar que, nos últimos anos, o banco tem feito aquisições de operações complementares aos seus negócios no Brasil (por exemplo, FIS Privatbank, M.Y. Safra e Sertrading) para se posicionar como uma plataforma abrangente para atender às pessoas físicas de altíssimo patrimônio”, afirma.

Ainda segundo os analistas, é importante destacar que, ao final do terceiro trimestre, o banco apresentava um índice BIS bastante confortável (16,4%) e um patrimônio líquido de quase R$ 50 bilhões.

“Portanto, essa aquisição não altera significativamente a solidez de seu balanço patrimonial”, dizem.

*Com Renan Dantas

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.