BTG Pactual (BPAC11): JP Morgan eleva recomendação e aponta bom ponto de entrada
O JP Morgan elevou a classificação do BTG Pactual (BPAC11) de neutra para overweight — equivalente à compra –, com preço-alvo para 2025 de R$ 38, projetando um potencial de alta superior a 40%.
A atualização, conforme relatório do banco norte-americano, ocorre após o desempenho abaixo do esperado em 2024, quando o BTG recuou 26%, ante queda de 11% do Ibovespa (IBOV). Os analistas apontam que o atual preço sobre lucro (P/L) de 7,3 vezes ao final de 2025 oferece um bom ponto de entrada para a companhia, que vem crescendo os lucros.
Apesar das condições desafiadoras, o JP Morgan projeta um CAGR (taxa de crescimento anual composta) de lucros de 16% entre 2024 e 2026 e antecipa que os múltiplos do BTG se alinhem aos do Itaú (ITUB4), dado seu ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) ligeiramente maior e menor pagamento.
Os analistas reconhecem que o BTG não se encaixa no típico perfil de alto rendimento de dividendos, e parte de suas receitas, como o banco de investimentos e de crédito corporativo, tendem a ser mais expostas a fatores macroeconômicos — que atualmente pesam sobre o mercado brasileiro.
Ainda assim, o JP Morgan observa que linhas de negócios mais defensivas, como gestão de ativos (~10% das receitas), gestão de patrimônio (~16%) e juros e outros (~17%) agora representam mais de 40% das receitas totais.
“Também esperamos que as vendas e negociação sejam relativamente resilientes (ou seja, acreditamos que parte do impulso do negócio da Eneva pode ser adiado para os próximos anos)”, dizem os analistas.
Expectativa do JP Morgan para o BTG Pactual
O JP Morgan projeta uma desaceleração dos empréstimos corporativos do atual ritmo de crescimento de em média 30% ano a ano para em torno de 15% até o final de 2025.
Em relação aos spreads líquidos, os analistas incorporam uma redução marginal, já contabilizando provisões potencialmente maiores, refletindo uma potencial piora do ciclo, especialmente para o segundo semestre de 2025.
Os analistas do JP Morgan seguem projetando um crescimento de 15% a 20% na gestão de patrimônio e ativos, o que avaliam como “ótimo”, embora um pouco abaixo do crescimento de 27% a 28% observados nessas linhas ao longo dos nove primeiros meses de 2024.
Como resultado, as estimativas de lucro foram reduzidas em 2%, com os analistas projetando um ganho de R$ 14,5 bilhões em 2025, cerca de 23% de ROE.
“O BTG tem ganhado participação em diferentes produtos, e também acreditamos que sua recente onda de atividades de M&A (fusões e aquisições) sugere oportunidades futuras. Embora não seja sempre perfeito, acreditamos que o BTG tem um histórico geralmente positivo nessa área.”
Embora reconheça que o BTG tem mais potencial de crescimento, o JP Morgan ainda mantém o Itaú como principal escolha no setor, considerando seu retorno total, diversificação de receitas, menor custo de capital e potencial menor risco de baixa no lucro por ação.
Em relação à XP (XPBR31) e à B3 (B3SA3), o BTG é favorecido na avaliação do banco norte-americano.
Aquisição mais recente do BTG: Julius Baer Brasil
Na última semana, o BTG Pactual anunciou a aquisição de 100% do capital social da Julius Baer Brasil, uma das líderes no segmento de wealth management (gestão de fortunas), por R$ 615 milhões.
A Julius Baer detém R$ 61 bilhões de ativos sob gestão. Segundo o BTG, a aquisição faz parte da estratégia de expansão do segmento de family office do banco, que opera desde 2010, e, após a conclusão da transação, passará a gerir mais de R$ 100 bilhões.
A transação está sujeita à verificação de determinadas condições precedentes, incluindo a obtenção da aprovação do Banco Central e demais aprovações regulatórias necessárias. A conclusão é esperada para o primeiro trimestre de 2025.
Entre analistas, tanto a aquisição como o valor agradaram. Segundo a XP, a operação é positiva, pois complementa ainda mais as ofertas do banco no segmento de wealth management (serviço responsável por fazer a gestão de fortunas).
“Vale ressaltar que, nos últimos anos, o banco tem feito aquisições de operações complementares aos seus negócios no Brasil (por exemplo, FIS Privatbank, M.Y. Safra e Sertrading) para se posicionar como uma plataforma abrangente para atender às pessoas físicas de altíssimo patrimônio”, afirma.
Ainda segundo os analistas, é importante destacar que, ao final do terceiro trimestre, o banco apresentava um índice BIS bastante confortável (16,4%) e um patrimônio líquido de quase R$ 50 bilhões.
“Portanto, essa aquisição não altera significativamente a solidez de seu balanço patrimonial”, dizem.
*Com Renan Dantas