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BTG eleva preço-alvo para Marfrig (MRFG3); é hora de comprar?

23 out 2024, 18:51 - atualizado em 23 out 2024, 18:51
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Segundo o BTG, 159% do patrimônio líquido da Marfrig vem do preço de mercado de sua participação na BRF; veja recomendação

O BTG Pactual publicou um novo relatório sobre a Marfrig (MRFG3) nesta quarta-feira (23), com um aumento de 70% no preço-alvo. A revisão da tese passa pela venda de 16 frigoríficos para a Minerva (BEEF3), assim como pela complexidade para entender o valor da Marfrig desde a aquisição de 51% na BRF (BRFS3).

Na nova estimativa, o banco avalia as ações da Marfrig em R$ 17 (anteriormente atribuía valor de R$ 10). Dessa forma, o potencial de valorização seria de 18%, frente ao último fechamento. Apesar da possível valorização, o BTG ainda não recomenda a compra da ação e se mantém neutro. 

“A capacidade de extrapolar a contribuição de valor de cada segmento operacional, juntamente com a alocação de dívida entre entidades operacionais e holding, tornou a análise das finanças consolidadas da Marfrig menos útil do que costumava ser”, apontam Thiago Duarte e Guilherme Guttilla.

Controle acionário da BRF torna a análise mais complexa

Para o BTG, analisar o valor da Marfrig se tornou algo mais complexo com a BRF sob seu controle. A dificuldade é exemplificada pelos analistas por meio da avaliação da alavancagem da empresa

Excluindo a dívida líquida reportada da BRF de R$ 13,2 bilhões, a dívida líquida independente (ex-BRF) da Marfrig é de R$ 30,7 bilhões, segundo o BTG. Isso é equivalente a um índice de alavancagem de 8,9x com base em seu Ebitda LTM ​​somente de carne bovina.

“A venda de 16 plantas de processamento de carne bovina e ovina para a Minerva no Brasil, Uruguai, Argentina e Chile fornece algum alívio. No entanto, pode não ser o suficiente, dependendo de onde as margens operacionais se estabilizarem à frente. Ao incorporar as participações da Marfrig de 51% na BRF e 18% na National Beef, alcançamos uma dívida líquida consolidada de R$ 37,3 bilhões e Ebitda LTM ​​de R$ 7,1 bilhões, com um índice de alavancagem de 5,3x”.

Por outro lado, os analistas destacam que a BRF contribui para perspectivas positivas.

Dividendos da BRF

O BTG vê o possível pagamento de dividendos da BRF como “uma faca de dois gumes”. O bom desempenho recente da ação pode fazer com que a empresa retome os pagamentos de dividendos depois de muitos anos.

“Isso pode ajudar a fluir parte do saldo de caixa mais forte da BRF para a Marfrig, onde a alavancagem é substancialmente maior. Mas abordaríamos essa estratégia com cautela. Há claramente um ponto em que tanto os minoritários da BRF quanto os acionistas da Marfrig ficariam satisfeitos. Mas também acreditamos que a BRF deve aproveitar a oportunidade de margens mais fortes e o fluxo de caixa positivo pela primeira vez em muitos anos para se desalavancar ainda mais”, analisam.

Segundo o BTG, embora os dividendos da BRF possam ajudar a Marfrig a reduzir sua dívida líquida autônoma, o impacto seria mínimo. Assumindo um pagamento de 100% do lucro líquido estimado da BRF em 2024 de R$ 3,2 bilhões, a participação da Marfrig seria de R$ 1,6 bilhão, reduzindo sua dívida líquida em 7%, reduzindo a alavancagem da controladora em 2024E de 9,4x para 8,8x.

Entretanto, no nível da holding, os dividendos da BRF aumentam a alavancagem da Marfrig, já que a Marfrig recebe apenas 51% dos dividendos enquanto consolida 100% da dívida da BRF.

“Também notamos que a Marfrig não enfrenta um risco imediato de liquidez. A Marfrig encerrou o 2T24 com um caixa substancial de R$ 10 bilhões, que crescerá ainda mais quando a empresa receber os recursos em dinheiro da venda de ativos para a Minerva. Embora a liquidez não esteja em questão, sua alta alavancagem significa que uma parcela significativa do fluxo de caixa da Marfrig será absorvida por pagamentos de juros, limitando o potencial de criação de valor para investidores de ações”.

Projeções para os ciclos da carne

O BTG ainda considera que a Marfrig está tendo um bom desempenho na América Latina, se beneficiando de um ciclo positivo de gado na região.

No entanto, o ciclo pecuário deve atingir um pico em breve, embora a empresa ainda deva ver resultados sólidos neste segmento até 2025. O banco crê que o recente aumento nos preços do gado no Brasil (+40% desde meados de junho) pode levar a uma pressão de margem de curto prazo.

Por outro lado, a carne bovina dos EUA está enfrentando um ciclo mais desafiador, com seu rebanho no nível mais baixo em mais de 70 anos. “Com menos gado disponível e os fazendeiros aparentemente começando a reter fêmeas, as margens provavelmente permanecerão pressionadas, à medida que se concentram na reconstrução do rebanho. Não esperamos uma reviravolta antes de 2027”, afirmam.

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Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
gustavo.silva@moneytimes.com.br
Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
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