BTG dá volta por cima e lidera ganhos da bolsa brasileira no ano
Em agosto deste ano, o Banco BTG Pactual (BPAC11) perdeu US$ 4 bilhões em valor de mercado em um período de 48 horas, com as units da instituição financeira chegando a cair 40%.
O banco havia virado alvo de uma nova investigação policial, com direito a viaturas estacionadas em frente à sua sede em São Paulo.
Quem decidiu ignorar o ruído e manter o banco na carteira hoje colhe as recompensas: as units do BTG registram o melhor desempenho no mercado doméstico neste ano.
As units do banco acumulam alta de 197% em 2019, a maior valorização do Ibovespa. Com o salto, a empresa é negociada perto da máxima histórica.
Ainda assim, analistas do UBS e do Morgan Stanley dizem que os papéis poderiam subir outros 20%, diante da perspectiva de o banco lucrar com a queda da Selic, atualmente em mínima histórica.
“O banco pode desfrutar de um período de vários anos de forte crescimento do lucro e expansão da rentabilidade à medida que reformas e políticas continuam apoiando o crescimento econômico sustentável e baixas taxas de juros”, disseram analistas do Morgan Stanley, liderados por Jorge Kuri, em relatório de 5 de novembro, acrescentando que o BTG está entre os investimentos preferidos na América Latina.
Não é a primeira vez que o BTG dá uma impressionante volta por cima.
Em 2015, quando André Esteves, fundador e maior acionista do banco, foi preso temporariamente em meio às investigações da Lava Jato, o BTG enfrentou uma devastadora crise de liquidez. Esteves acabou inocentado de todas as acusações pela Justiça, com procuradores afirmando que “não havia provas suficientes” contra ele. Desde então, Esteves é sócio sênior do banco.
Em agosto deste ano, a polícia voltou a fazer buscas nos escritórios do banco e na residência de Esteves, provocando queda nas units, e o CEO Roberto Sallouti teve que tranquilizar os investidores. Ao contrário de 2015, o BTG não enfrentou saques significativos após a notícia. As units do banco subiram quase 20% desde então.
O UBS, que iniciou a cobertura do BTG com recomendação de compra no mês passado, disse em relatório que o “fluxo de notícias negativo” das investigações é um risco que pode desencadear volatilidade. Ainda assim, o UBS fixou preço-alvo de R$ 82 para as units do BTG, um ganho de 17% em relação ao nível atual.
A aposta dos analistas é de que as operações de banco de investimento e gestão de recursos e de fortunas possam se beneficiar dos juros baixos no Brasil e da agenda de reformas do presidente Jair Bolsonaro.
Investidores brasileiros vêm migrando para produtos de maior rendimento, impulsionando a indústria de fundos do país, enquanto empresas aceleram as atividades no mercado de capitais, levando a uma emissão recorde de títulos domésticos.
O entusiasmo em relação à plataforma de investimento digital do BTG, que está se transformando em um banco de varejo para pessoas de alta renda, também alimenta o otimismo. O UBS diz que só a unidade pode atingir um valor de R$ 10 bilhões.
“Estou muito confiante de que seremos capazes de capturar crescimento, tanto no Brasil quanto na América Latina”, disse João Dantas, diretor financeiro do BTG, em entrevista após a divulgação balanço do terceiro trimestre no mês passado.
“Nossa plataforma se beneficia muito com esse novo Brasil – com sinergias entre banco de investimento e empréstimos, gestão de patrimônio e ativos e assim por diante.”