BTG busca novas fronteiras de olho na riqueza do agronegócio do Brasil
Após reforçar sua atuação no agronegócio, o BTG Pactual agora quer avançar nos principais polos do setor e em novas fronteiras agrícolas do país, capturando como clientes fazendeiros e agroindústrias, disseram executivos do maior banco de investimento da América Latina à Reuters.
Esse caminho envolve a oferta de serviços financeiros mais sofisticados a agricultores e pecuaristas de Estados como Mato Grosso e Goiás, tradicionais produtores de grãos e carnes, além do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), região com forte crescimento nos últimos anos, mas ainda com muito espaço a ser ocupado.
Uma ponte para atingir esses novos campos – a partir do centro financeiro paulista da avenida Brigadeiro Faria Lima – está em Mato Grosso do Sul, que abriga desde o ano passado uma regional do BTG com especialidades para entender e atender anseios do empresário do campo.
O trabalho visa oferecer uma série de ferramentas financeiras e de investimentos do banco, que já realizou várias ofertas de ações de companhias do agronegócio e é líder em emissões de letras de crédito para financiar o setor.
“Pra frente, estamos olhando novas posições fora de Mato Grosso do Sul, queremos contratar em Cuiabá, em Goiânia… Combinando com escritórios da Bahia, começar a acessar o Matopiba, uma referência para o mundo agro…”, disse à Reuters Raphael Guinle, sócio do BTG responsável pelo negócio direcionado à pessoa física para private banking.
O BTG anunciou recentemente abertura de dois novos escritórios de Wealth Management no Nordeste, em Salvador e Fortaleza.
No caso da unidade na Bahia, será importante para apoiar negócios no oeste do Estado, grande produtor de algodão, cultura intensiva em investimentos.
“O que queremos de fato é crescer, contratar mais gente, e ocupar mais espaço, aproveitando as boas relações que estão sendo construídas”, acrescentou Guinle.
O BTG também busca atrair aquele agricultor ou empresa familiar que ainda opera com bancos locais ou mesmo cooperativas, e que estão distantes do mercado financeiro, uma oportunidade vista pelo BTG.
O banco, especialmente a regional de Campo Grande, está estruturado para combinar as diferentes áreas de atuação do BTG – de gestão de grandes fortunas, captação de recursos para corporações e estruturação de operações financeiras – em prol do serviço mais adequado ao cliente do agronegócio.
“Tem um chapéu um pouco mais largo do que a atuação exclusiva do private banking, o que de fato é algo importante, pois diferentemente dos clientes tradicionais de private banking, o cliente do agronegócio depende muito de reinvestimento no próprio negócio, ele é um gerador de liquidez”, explicou Gabriel Jacintho, diretor-executivo do banco responsável pela regional Centro-Oeste, com escritório em Campo Grande (MS).
Segundo ele, hoje os grupos de agronegócio estão se sofisticando muito em termos de governança e administração, acessando cada vez mais os mercado de capitais para se financiar e se proteger também.
“Então a nossa estrutura é de private banking, mas muito inserida no mundo do agronegócio, porque os principais clientes, as principais famílias que conversamos têm investimentos importantes no agro”, completou.
Considerando somente a exposição de crédito em Agro, o BTG tem hoje quase 20 bilhões de reais, representando mais de 16% do seu portfólio de “corporate lending”, fatia que deve se manter perto desse patamar nos próximos anos, à medida que a carteira de crédito de outros setores também cresce, disse Guinle.
Ele não detalhou novos processos de ofertas de ações por empresas, mas mostrou otimismo com o aumento da participação do segmento na B3, ressaltando que mais grupos do agronegócio estão prontos e já poderiam ter ido à bolsa.
Ele vê uma “janela” após as eleições aberta apenas para operações de “follow-on”, que poderiam incluir companhias agropecuárias, mas não IPOs.
Próximo do cliente
Jacintho, agrônomo com experiência no mercado financeiro, mas também com conhecimento empírico do setor, já que sua família tem negócios relacionados ao agro, ressaltou a flexibilidade do banco para fazer o que mercado demanda.
“O BTG é líder em banco de investimento na América Latina, mas está muito perto de sócios relevantes que têm alçada para fazer o que o cliente demanda”, disse ele.
O executivo revelou que frequentemente viaja ao interior de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, deve ir em breve a Rondônia para visitar clientes e tem conversado com produtores de algodão na região de Luís Eduardo Magalhães (BA), exemplo de como a regional de Campo Grande leva os produtos do banco onde principais clientes se encontram.
Ele comentou o BTG alcançou “presença relevante” dentro de empresas do Centro-Oeste, após o estabelecimento da regional em Mato Grosso do Sul, incluindo frigoríficos que são grandes exportadores, realizando todo serviço do câmbio e operações ACC.
Para o futuro, disse Jacintho, o agronegócio do Brasil provavelmente será uma “ilha de segurança em termos de investimento”, o traz confiança para o BTG aproveitar oportunidades relacionadas à competitividade brasileira no segmento.
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