Bruno Eiras: Três pontos sobre fundos high yield para observar antes de investir
Com o passar dos anos, o crédito high yield tem deixado a fama de vilão para trás. O desenvolvimento da indústria de investimentos, a menor concentração bancária e o aumento da capacidade de originação dessas operações, tem trazido mais conhecimento e consequentemente mais segurança ao investidor.
No Brasil, ainda é um mercado pequeno quando comparado ao de ativos high grade, mas que há pouco tempo era ainda mais restrito com pouquíssimos players especializados.
Os ativos eram acessados por poucos investidores, geralmente institucionais com um pouco mais de conhecimento sobre as diferentes estruturas que esses tipos de ativos podem possuir, por vezes com modelagens não tão triviais.
O desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro tem favorecido o nascimento de fundos dedicados à estratégia high yield e cada vez mais, os investidores de todos os perfis ampliam seu leque de oportunidades para rentabilizarem seu capital. Mas o que é preciso observar para agregar bons ativos à carteira?
Diferentemente do que alguns imaginam, um ativo de crédito privado high yield não decorre de uma operação estressada, pelo contrário, a grande maioria dos ativos mais rentáveis que já trabalhei foram originados de operações saudáveis e que contavam com um amplo pacote de garantias.
Mas não é difícil imaginar que alguns ativos em seu estágio inicial apresentam condições mais favoráveis do que podem apresentar em meses ou anos após a estruturação, alguns fatores podem trazer alterações significativas à qualidade daquela operação, como por exemplo uma mudança brusca na conjuntura macroeconômica ou até mesmo microeconômica
E com o exposto acima, deixo claro qual o principal risco de um ativo de crédito: default! Ao trabalhar com operações de crédito estruturado, principalmente as que possuem lastro pulverizado, é preciso observar de que forma o gestor trabalha os ativos.
Com qual proximidade os acompanha, como mede a evolução dos riscos e de que forma trabalha para mitigá-los. O gestor precisa ser especialista não somente em estruturação sob o ponto de vista jurídico, mas também precisa ter conhecimento do mercado e de segmentos específicos.
Ter expertise em determinados setores, principalmente aqueles menos óbvios, pode fazer toda a diferença em um momento de crise. Portanto, tenho a convicção que é um processo de investimento que não termina no momento da alocação inicial, mas é essencial que perdure por toda a vida do ativo e sempre será meu foco principal.
Colado no primeiro lugar está outro fator mitigador de risco que julgo fundamental: antes de investir em qualquer fundo de crédito privado, independentemente do nível de risco, observe a diversificação.
Para que a carteira esteja equilibrada, geralmente é necessário algum tempo para desenvolvê-la e algumas estratégias são utilizadas para essa finalidade.
No meu mundo ideal, a representatividade de cada operação deve ser inferior a 5% da carteira, porém, devido a qualidade e disponibilidade, alguns ativos podem ser adquiridos com maior peso. Nesses casos, meu objetivo é diluir essa representatividade no decorrer do tempo.
Em terceiro lugar, é importante analisar a remuneração. No caso de um fundo imobiliário por exemplo, é preciso observar se os rendimentos distribuídos estão coerentes com o nível de risco da carteira e qual a expectativa futura. Para chegar a alguma conclusão, os pontos acima precisam ser muito bem analisados e mensurados.
Acredito que observados os pontos acima, fundos de crédito high yield são excelentes ativos para compor uma parcela da carteira de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de riscos.