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Bruno Dequech Ceschin: Por que o retorno sobre o investimento das startups vai muito além do capital?

24 fev 2021, 14:08 - atualizado em 24 fev 2021, 14:09
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“Quando você investe dinheiro, tempo e esforço neste tipo de ativo, dá para ganhar muito mais do que dinheiro como retorno”, afirma (Imagem: Divulgação)

Você teria coragem de embarcar em uma nave da Space X e, uma vez lá em cima, sair para “dar uma voltinha no espaço”? Não é pra qualquer um… Da mesma forma, quem está pensando em iniciar uma jornada como investidor de startups costuma ter dúvidas sobre o que esperar desta aventura.

As perguntas que mais escuto por aí de quem pensa em participar do ecossistema startupeiro são: quanto rende investir em startups? E em quanto tempo meu dinheiro volta?

Se o que você espera é um ROI (Retorno Sobre o Investimento) em formato de uma taxa de juros mensal, assim como os resultados de um investimento num CDB ou ETF, fico feliz por ter chegado até este artigo, que foi escrito sob medida para você. Nele vou ajudar a desfazer esse equívoco tão comum.

Quando você investe dinheiro, tempo e esforço neste tipo de ativo, dá para ganhar muito mais do que dinheiro como retorno. Por que? Simplesmente porque startups são a ponta de lança da inovação.

O homem, antes de chegar à Lua, enviou sondas e satélites para o espaço para mapear o terreno. Agora já estamos pousando veículos em Marte e há sondas fora do Sistema Solar!

As startups, da mesma forma, surgem para resolver problemas e dores que temos hoje, desvendando novas formas de fazer as coisas. É, portanto, muito mais que um investimento convencional.

Para mostrar que investir em startups pode trazer muito mais do que lucro financeiro, decidi listar 6 benefícios concedidos a quem decide entrar no jogo. Ok, vou começar pelo dinheiro, que, para muitos, é o objetivo primário.

1 – Resultado Financeiro:

Você investe R$ 1 e recebe de volta entre R$ 3 e R$ 10 num portfólio de investimentos no prazo de 10 anos. Simples assim: dinheiro por dinheiro ou cash-on-cash.

Os resultados, em geral, são expressados na forma absoluta como o multiplicador de capital investido. Pode também ser convertido numa faixa de resultado anualizada, algo que mire os 25% ao ano.

Isso facilita a comparação com outras formas de investimentos, como ações, renda fixa ou imóveis. Mas só é possível calcular o retorno real quando termina o período de desinvestimentos.

Trazendo a conta para apostas individuais dentro de um portfólio, temos métricas mais agressivas de resultados financeiros: espera-se que um investimento possa, no mínimo, retornar 10 vezes o capital investido.

Isso porque toda carteira de investimento em startups apresentará uma taxa de mortalidade em torno de 50%, ou seja, empresas que não dão certo e não devolvem nada do capital investido. Esses fracassos são contrabalançados pelos excessos de retorno dos casos bem-sucedidos.

O dinheiro não é de curto prazo, mas você começa a lucrar logo com outro ativo tão importante quanto: o aprendizado (Imagem: Débora Brito/Agência Brasil)

Agora, quando falamos em no mínimo 10 vezes, aí o céu é o limite. Grandes casos de sucesso geraram retornos absolutos para investidores iniciais de impressionantes 7.773 vezes o capital investido, transformando US$ 100 mil em quase US$ 800 milhões, como aconteceu com o Facebook.

2 – Aprendizado

O dinheiro não é de curto prazo, mas você começa a lucrar logo com outro ativo tão importante quanto: o aprendizado. Startups trazem disrupção a mercados ou criam outros inteiramente novos, concebendo produtos ou serviços fora da caixa. Dando certo ou dando errado, todo processo de inovação gera conhecimentos, que, por sua vez, criam histórias.

É muito comum investidores passarem por experiências profundas ao longo do ciclo de investimento. Para analisar a empresa profundamente, acabam tendo a chance de conhecer em mais detalhes uma determinada tecnologia nova (Inteligência Artificial ou Blockchain, por exemplo).

Outro momento fértil ocorre no monitoramento das startups, quando o investidor se aprofunda nas estratégias de negócio que ainda não conhecia (Product Led Growth, Inbound Marketing, Inside Sales, etc.).

3 – Legado

Você já se perguntou que legado pretende deixar nesse mundo quando partir? Certamente as startups em que investiu farão parte dele. Elon Musk costuma dizer que sua real ambição é justamente se envolver em projetos com potencial de mudar a vida das pessoas para melhor, deixar uma contribuição.

Mas não é preciso investir em foguetes ou carros autônomos para causar impacto na vida de comunidades. A sensação de que seu dinheiro e sua dedicação fizeram diferença é de muito orgulho; é muito gratificante.

4 – Reconhecimento

O próprio fato de ser reconhecido pela coragem de investir em startups certamente já marcará sua história e trará reconhecimento por ajudar a construir o sucesso de outros empreendedores.

5 – Expansão do seu networking

Não tem forma melhor de conhecer pessoas novas do que fazendo negócios, não é mesmo? Essa é uma oportunidade de conversar com muita gente. Outros investidores e empreendedores buscando te convencer dos sonhos deles, pessoas com muito menos ou muito mais experiência. Somos animais sociais afinal de contas!

6 – Dealflow proprietário

Outro tipo de ativo muito interessante oriundo desse processo é a construção de um flow proprietário. Muitas pessoas vão passar a procurar em você a solução para desenvolver seus negócios.

Isso cria um fluxo de novas oportunidades a serem aproveitadas, algumas delas, inclusive, que podem ter sinergia com outro investimento em curso, ampliando a capacidade de acelerar os bons resultados daquela primeira empreitada.

Voltando à pergunta inicial: se eu teria coragem de dar um passeio no espaço? Claro! Imagine a sensação de viver uma experiência desbravadora, com potencial de trazer benefícios para a humanidade. Startups são oportunidades de sentir isso sem precisar estar a mais de 100 quilômetros da terra firme. Vamos nessa?

Bruno Dequech Ceschin é Fundador, Presidente e Membro do Conselho de Administração da JUPTER