Conflito entre Mobly e Tok&Stok escalona e família Dubrule nega acusações; MBLY3 recua

A Mobly e a Tok&Stok trocam acusações em meio ao curso de oferta pública de ações (OPA) (Imagem: Facebook/Mobly)

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O conflito entre Mobly (MBLY3) e Tok&Stok continua crescendo. Menos de um ano após a fusão, as companhias protagonizam uma briga com troca de acusações entre as empresas.

Nesta quarta-feira (23), a família Dubrule divulgou uma carta negando a existência de acordos irregulares com acionistas ou partes relacionadas.

A manifestação veio em resposta à Mobly, que disse ao mercado ter identificado, por meio de uma investigação interna, indícios de uma atuação coordenada e não divulgada na aquisição de suas ações — supostamente em condições diferentes das previstas no edital da oferta pública de ações (OPA).

Na terça (22), após apontar possíveis irregularidades envolvendo a família Dubrule, o Grupo XXXLutz e a Home4 na compra das ações, a Mobly obteve do seu conselho de administração autorização para adotar medidas cabíveis nas esferas administrativa, cível e criminal.

“Dentre tais medidas, a administração informa que protocolará junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), nesta data, o pedido de cancelamento da OPA e de apuração de responsabilidades dos envolvidos”, diz o documento divulgado na véspera.

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A família Dubrule, fundadora da Tok&Stok, foi quem protocolou o pedido da OPA. Já o Grupo XXXLutz, controlador da Home24 — empresa que detém 44,2% do capital social da Mobly — é atualmente o acionista majoritário da varejista.

No fato relevante divulgado nesta quarta-feira, a carta anexada da família fundadora da Tok&Stok classifica o comunicado da Mobly divulgado na véspera como “absurdo” e “falacioso”.

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“Não por coincidência, tal divulgação ocorreu justamente no primeiro dia útil após terem conhecimento da convocação de assembleia geral de debenturistas para deliberar sobre a concessão da Anuência dos Debenturistas – uma das principais condições para realização da oferta”.

A carta diz ainda que, conforme natural em transações dessa natureza, a família têm travado diretamente e/ou por meio de seus assessores, conversas sobre a OPA com diversos acionistas da companhia, no entanto, sem quaisquer acordos para a transferência de participação acionária celebrados entre os ofertantes e acionistas.

Já a Mobly listou a existência de indícios de negociações e entendimentos contínuos entre Regis Dubrule e executivos seniores do grupo XXXLutz, no período entre outubro de 2024 e março de 2025, incluindo:

• Acordo de exclusividade entre ambos;
• Mensagens sobre transferências de recursos em contas do exterior para comprar ações detidas pela Home24 na Mobly;
• Negociação de valores para a compra das ações detidas pela Home24 adicionais àqueles que seriam ofertados ao mercado em futura OPA (atualmente em curso), inclusive por meio de acordo de não-concorrência.
• Coordenação entre Regis Drubrule e XXXLutz quanto aos tempos e movimentos do pedido apresentado pela Home24 para alteração e exclusão do poison pill (cláusula que busca proteger a empresa de aquisições hostis);
• Indícios de ocultação do compromisso de adesão à OPA.

A Mobly sugere uma negociação da XXXLutz e Regis Dubrule para um acordo por fora da OPA para aquisição das ações da Mobly, detidas pela Home24, por um valor diferente e sob condições diferentes das oferecidas aos demais acionistas.

Com isso, acionistas minoritários poderiam ser prejudicados, enquanto a família fundadora da Tok&Stok garantiria a aquisição do controle da Mobly.

Após terem disparado 10% na terça-feira (22), as ações da Mobly recuavam hoje. Por volta de 12h40 (horário de Brasília), MBLY3 caía 5,22%, a R$ 1,09.

OPA pelas ações da Mobly

O leilão da oferta pública de ações (OPA) está marcado para 15 de maio, com preço fixado em R$ 0,68 por ação, abaixo do último fechamento de MBLY3, que foi de R$ 1,15.

Já no dia 30 de abril, os acionistas da Mobly se reúnem em assembleia geral ordinária para votar a proposta da Home24 — acionista majoritária — de retirar a cláusula de poison pill do estatuto da companhia.

No entanto, diante do conflito entre Mobly e Tok&Stok, a CVM pode intervir, o que pode levar à alteração ou cancelamento dos eventos programados.

Na carta divulgada nesta quarta-feira (23), a família Dubrule afirma que, para reforçar sua conduta transparente e diante das acusações feitas pela Mobly, solicitou à B3 autorização para publicar um aditamento ao edital da OPA. No documento, os Dubrule se comprometem, de forma irrevogável, a pagar o dobro do valor por ação a qualquer acionista da Mobly que vender na OPA, caso fique comprovado que a Home24 ou partes relacionadas receberam valores superiores ao preço oficial, antes ou depois do leilão.

A iniciativa busca demonstrar confiança e afastar suspeitas de pagamentos ilegais. Por outro lado, a Mobly destacou esse trecho da carta como um “claro desafio às autoridades brasileiras”.

“Os ofertantes assumem, de forma inusitada e sem precedentes no Brasil, o compromisso de pagar em dobro aos acionistas da companhia quaisquer valores eventualmente pagos de forma ilegal à Home24 e/ou a partes a ela relacionadas, em um claro desafio às autoridades brasileiras para que comprovem ilícitos praticados por meio de pagamentos e transações no exterior.”

A família Dubrule também afirmou que tomará medidas legais contra a atual administração da Mobly, acusando-a de violar seus deveres fiduciários ao agir contra os interesses da empresa e dos acionistas.