BRFS3, JBSS3, MRFG e BEEF3: Duas ações devem sobrar, mas apenas uma deve ser estrela no 2T24, vê BTG
O BTG Pactual divulgou suas projeções para os frigoríficos listados na B3 no segundo trimestre de 2024 (2T24). Entre os dias 7 e 14 de agosto, Minerva (BEEF3), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) reportam resultados.
Para o banco, BRF e JBS serão os destaques, graças às fortes margens de aves, algo que também aconteceu no primeiro trimestre (1T24).
No entanto, segundo os analistas, a BRF deve ser a estrela, com a projeção de que o Ebitda atingirá um novo nível recorde trimestral impulsionado pelas margens em suas operações internacionais.
“A dinâmica dos lucros está certamente a seu favor, mas a nossa recomendação neutra (R$ 13) baseada em valuation ainda se mantém”, explicam Thiago Duarte, Bruno Lima e Guilherme Guttila.
O BTG também projeta bons resultados para JBS, principalmente devido à Pilgrim’s e à Seara, enquanto também espera que a Austrália e a divisão de suínos US divulguem números sólidos.
“Oferecendo um yield de fluxo de caixa de dois dígitos, a JBS continua sendo nossa principal escolha no setor (compra e preço-alvo de R$ 35)”, apontam.
Os analistas esperam resultados decentes (não incríveis) para a Minerva e resultados pouco inspiradores para a Marfrig, limitando os catalisadores de curto prazo para ambas.
Bom momento de BRFS3 pode chegar ao fim
Os menores preços dos grãos devem manter os custos sob controle e o saldo de oferta/demanda para aves e suínos permanece favorável, levando a spreads crescentes.
Os analistas esperam também que as operações internacionais da BRF, mais voltadas para aves in natura, tenham desempenho forte, com os países exportadores mais representativos pagando preços muito maiores em comparação à média da Secex.
O BTG modela receitas consolidadas de R$ 14,4 bilhões (+9% a/a; +7% tri/tri, com aumento de volumes de 1% a/a), Ebitda de R$ 2,6 bilhões com margem de 18,1% e lucro de R$ 835 milhões.
“Muitas vezes descrevemos a BRF como uma ação pró-cíclica e, com o ciclo agora a seu favor, as ações tendem a apresentar um bom desempenho no curto prazo. No entanto, os múltiplos baseados nos lucros (13x P/L 24E mas 21x com base em margens normalizadas de 2025E) e a nossa visão de que as margens podem estar atingindo um pico ainda suportam a nossa recomendação neutra”, analisam.
Aves e diversificação impulsionam JBSS3
Para JBS, a instituição espera receitas de R$ 97,6 bilhões (+9% a/a; +10% t/t) e EBITDA de R$ 8,2 bilhões (+92% a/a; +42% t/t) com margem de 8,4% (+ 360bps a/a; +190bps t/t).
As unidades de frango devem voltar a se destacar, pois se beneficiam do ciclo favorável tanto no Brasil quanto nos EUA.
“Acreditamos que a JBS está passando por um ponto de inflexão, onde melhorias cíclicas em todas as unidades de negócio, exceto US Beef, deverão suportar resultados mais fortes no futuro. Vemos possibilidades de revisões positivas para as estimativas de consenso em 2024, com a JBS oferecendo um yield de fluxo de caixa de dois dígitos em 2024, apesar de ainda navegar em um cenário cíclico desfavorável”.
Aquisição de ativos por BEEF3 e tendências não tão positivas para MRFG3
Para Minerva, o banco espera as receitas crescendo 5% a/a, impulsionadas por volumes maiores e preços médios menores. O EBITDA deverá atingir R$ 755 milhões (+6% a/a) com uma margem de 9,9% (estável a/a; +110bps t/t), beneficiando-se do ciclo positivo e boas margens de exportação para os EUA.
“Os investidores estão focados principalmente na conclusão da aquisição dos ativos da Marfrig e acreditamos que os resultados pouco contribuirão para mudar isso. Os catalisadores de curto prazo parecem, portanto, limitados. O risco-retorno justifica a nossa recomendação neutra (R$ 8)”, discorrem.
Quanto a Marfrig, os analistas esperam que os resultados sigam as mesmas tendências observadas no último trimestre. Na América do Norte, a redução da oferta de animais deverá continuar provocando uma compressão nas margens anuais e representando riscos adicionais no futuro, uma vez que o processo de retenção de novilhas ainda não se intensificou.
O banco modela receitas da Marfrig independente (ou seja, excluindo a consolidação da BRF e excluindo operações descontinuadas) de R$ 19,3 bilhões (+13% t/t), EBITDA de R$ 760 milhões (+44% t/t) com margem de 3,9% (+80bps t/t).
“A magnitude da desaceleração do ciclo pecuário dos EUA é um ponto crucial a ser observado no futuro, bem como as prioridades de alocação de capital assim que os recursos provenientes do desinvestimento de parte de seus ativos na América Latina estiverem à disposição. Com valuation que ainda consideramos mais caro vs. pares, mantemos o neutro (R$ 13)”.