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BRF se saiu bem (dadas as circunstâncias). O que esperar da ação agora?

15 ago 2021, 16:33 - atualizado em 15 ago 2021, 16:56
A execução da BRF claramente melhorou, mas muitas arestas continuam a ser pedras no sapato da companhia (Imagem: Divulgação)

Analistas seguem bastante reticentes com a ação da BRF (BRFS3), que reportou prejuízo de R$ 199 milhões no segundo trimestre deste ano.

Agentes mais otimistas se limitam a dizer que, considerando as circunstâncias desafiadoras à processadora de alimentos, a BRF se saiu bem no trimestre passado.

“Apesar de um valuation interessante e de ter observado melhorias no aspecto operacional, acreditamos que a empresa ainda se encontra em um momento difícil. A situação financeira é desafiadora e os custos de matéria-prima (principalmente milho e soja) continuam elevados”, comentam os especialistas Adriano Castro e Vitor Sousa, da Genial Investimentos.

Justamente a dupla da pesada (milho e soja), negociada em patamares elevados, foi a grande vilã no balanço da BRF, conforme relatório obtido pelo Agro Times. Ambas as commodities representam 60% dos custos totais da BRF.

Na avaliação do BTG Pactual, as pressões de custos sobre a BRF levaram margem bruta de 19.1% ao menor patamar desde 2018, que despencou 260 pontos base em um ano, ante a expectativa de menos 130 pontos base do banco de investimento.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da BRF somou R$ 1,271 bilhão no período, avanço de 23,2% na comparação anual.

“A execução da BRF claramente melhorou ao longo dos anos, mas spreads pressionados, competição no Brasil, demanda volátil de exportação e balanço ainda alavancado nos deixam cautelosos com a ação”, frisa analista do BTG.

Cenário incerto

Segmento de aves é mais sensível ao aumento de preços do milho e da soja. E, como se não fosse o bastante, analistas veem a demanda chinesa por frango e suínos mais incerta do que a por boi (Imagem: Youtube/BRF)

A XP Investimentos põe as cartas na mesa e adverte que o cenário para a BRF ainda é muito incerto, o que justifica a recomendação neutra, e preço-alvo de R$ 30 por ação.

“Do lado dos riscos, entendemos que o câmbio e os preços dos grãos são itens que podem vir a prejudicar a recuperação de margens”, sintetizam os especialistas Leonardo Alencar e Larissa Pérez.

O Bank of America reconhece a resiliência operacional da BRF no período, mas não dá colher de chá: não enxerga as pressões dos custos indo embora nem tão cedo. Segundo o banco norte-americano, nem adianta repassar a conta aos consumidores diante do arroxo inflacionário no Brasil.

As vendas líquidas da BRF entre abril a junho somaram R$ 11,6 bilhões, em linha com as estimativas da Ativa Investimentos, com expansão de 27,8% em um ano, impulsionada pelo repasse de preços realizado pelo frigorífico.

“No entanto, estamos neutros em relação à BRF devido aos desafios de atuar no segmento de frango, que é mais vulnerável ao aumento de preços de grãos e, recentemente, estão em patamares bastante elevados. E mais, consideramos que a previsibilidade da demanda chinesa de aves e suínos é mais incerta do que a de bovinos“, conclui o analista Sergio Berruezo.

Recomendação Preço-alvo (R$) Potencial (%)
Ativa Investimentos Neutra 29,7 24
Bank of America Neutra 35 46
BTG Pactual Venda
Genial Investimentos Manter 28 17
XP Investimentos Neutra 30 25

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