BRF se saiu bem (dadas as circunstâncias). O que esperar da ação agora?
Analistas seguem bastante reticentes com a ação da BRF (BRFS3), que reportou prejuízo de R$ 199 milhões no segundo trimestre deste ano.
Agentes mais otimistas se limitam a dizer que, considerando as circunstâncias desafiadoras à processadora de alimentos, a BRF se saiu bem no trimestre passado.
“Apesar de um valuation interessante e de ter observado melhorias no aspecto operacional, acreditamos que a empresa ainda se encontra em um momento difícil. A situação financeira é desafiadora e os custos de matéria-prima (principalmente milho e soja) continuam elevados”, comentam os especialistas Adriano Castro e Vitor Sousa, da Genial Investimentos.
Justamente a dupla da pesada (milho e soja), negociada em patamares elevados, foi a grande vilã no balanço da BRF, conforme relatório obtido pelo Agro Times. Ambas as commodities representam 60% dos custos totais da BRF.
Na avaliação do BTG Pactual, as pressões de custos sobre a BRF levaram margem bruta de 19.1% ao menor patamar desde 2018, que despencou 260 pontos base em um ano, ante a expectativa de menos 130 pontos base do banco de investimento.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da BRF somou R$ 1,271 bilhão no período, avanço de 23,2% na comparação anual.
“A execução da BRF claramente melhorou ao longo dos anos, mas spreads pressionados, competição no Brasil, demanda volátil de exportação e balanço ainda alavancado nos deixam cautelosos com a ação”, frisa analista do BTG.
Cenário incerto
A XP Investimentos põe as cartas na mesa e adverte que o cenário para a BRF ainda é muito incerto, o que justifica a recomendação neutra, e preço-alvo de R$ 30 por ação.
“Do lado dos riscos, entendemos que o câmbio e os preços dos grãos são itens que podem vir a prejudicar a recuperação de margens”, sintetizam os especialistas Leonardo Alencar e Larissa Pérez.
O Bank of America reconhece a resiliência operacional da BRF no período, mas não dá colher de chá: não enxerga as pressões dos custos indo embora nem tão cedo. Segundo o banco norte-americano, nem adianta repassar a conta aos consumidores diante do arroxo inflacionário no Brasil.
As vendas líquidas da BRF entre abril a junho somaram R$ 11,6 bilhões, em linha com as estimativas da Ativa Investimentos, com expansão de 27,8% em um ano, impulsionada pelo repasse de preços realizado pelo frigorífico.
“No entanto, estamos neutros em relação à BRF devido aos desafios de atuar no segmento de frango, que é mais vulnerável ao aumento de preços de grãos e, recentemente, estão em patamares bastante elevados. E mais, consideramos que a previsibilidade da demanda chinesa de aves e suínos é mais incerta do que a de bovinos“, conclui o analista Sergio Berruezo.
Recomendação | Preço-alvo (R$) | Potencial (%) | |
---|---|---|---|
Ativa Investimentos | Neutra | 29,7 | 24 |
Bank of America | Neutra | 35 | 46 |
BTG Pactual | Venda | — | — |
Genial Investimentos | Manter | 28 | 17 |
XP Investimentos | Neutra | 30 | 25 |