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BRF recua com nova etapa da Carne Fraca investigando executivos da companhia

01 out 2019, 13:27 - atualizado em 01 out 2019, 13:28
Com a investigação, as ações da companhia operam em queda (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)

Por Investing.com 

Na parte final da manhã desta terça-feira na bolsa paulista, as ações da BRF operam com queda. Mais cedo, a Polícia Federal deflagrou uma nova etapa da Operação Carne Fraca, que investiga irregularidades em frigoríficos, para apurar suspeita de corrupção praticada por auditores fiscais agropecuários federais em benefício de um grupo empresarial do ramo alimentício.

Por volta das 11h50, os papéis da companhia recuavam 1,10% a R$ 37,79. Entre os frigoríficos, JBS cedia 0,49% a R$ 32,64, Marfrig (MRFG3) somava R$ 1,54% a R$ 11,19 e Minerva (BEEF3) tinha ganhos de 0,92% a R$ 9,88.

A BRF entregou documentos ao Ministério Público Federal mostrando que fiscais federais recebiam pagamentos indevidos para avançar os interesses empresariais da companhia, de acordo com documento do órgão.

De acordo com o MPF, após uma série de medidas em março de 2018 e com o avanço das investigações, a BRF (BRFS3) apresentou ao órgão, entre o segundo semestre de 2018 e o primeiro semestre de 2019, uma série de informações e documentos, bem como autorizou expressamente o uso desse material em investigações acerca da atuação de fiscais federais ligados ao Ministério da Agricultura, os quais alegadamente recebiam vantagens indevidas para que atuassem em benefício da companhia.

A operação investiga pagamentos irregulares de R$19 milhões para ao menos 60 fiscais. Segundo comunicado da Polícia Federal, o grupo empresarial passou a atuar em colaboração espontânea com as autoridades públicas na investigação e indicou que dezenas de auditores fiscais atuavam de forma irregular em diversos Estados.

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Histórico

Deflagrada em março de 2017, a operação Carne Franca inicialmente jogou o setor de proteína animal do Brasil em uma grave crise de credibilidade com denúncias de irregularidades na fiscalização de frigoríficos, levando muitos países a suspenderem temporariamente as compras dos produtos nacionais.

A operação desta terça-feira tem como objetivo cumprir 68 mandados de busca e apreensão em 9 Estados: Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro, informou a PF.

Momento positivo do setor

Em contraste com a operação policial de hoje, o surgimento da epidemia de peste suína africana na China elevou a valorização dos papéis dos frigoríficos brasileiros. E, como não existe indícios de controle da doença – com a doença chegando à fronteira chinesa com Rússia (norte) e Vietna (sul) -, as apostas na valorização das principais empresas do segmento são crescentes. São os casos da JBS (JBSS3), BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3). A visão é que nunca essas empresas tiveram um momento tão positivo, e que isso talvez não se repita no futuro.

No mês passado, a JBS renovou seu maior valor histórico, indo para a o terceiro lugar em valor de mercado, do segmento privado e não financeiro, na bolsa, superando a Vivo. No caso da Marfrig, os ganhos em setembro foram de 32%

No caso da Minerva, que não faz parte do Ibovespa, o benefício também foi expressivo, depois de ter dois abatedouros autorizados a vender para a China. No ano, os ganhos são de 96%.

Já no caso da BRF, o Bradesco BBI aponta que o ativo com o maior potencial. O preço-alvo do banco para as ações da empresa é R$ 50, o que indica um potencial de valorização de 30%.