BRF mostra qualidade nos resultados, mas divide opinião de analistas
O balanço da BRF (BRFS3) veio melhor do que o esperado para os analistas, com destaque para o desempenho das operações brasileiras.
A companhia reportou no quarto trimestre de 2020 lucro líquido consolidado de R$ 902 milhões, o que corresponde a um crescimento de 30% em relação ao mesmo intervalo de 2019.
No entanto, a receita líquida de R$ 11,4 bilhões chamou mais atenção; o resultado superou em 4% as estimativas da Ágora Investimentos e ficou 5% acima das projeções do BTG Pactual (BPAC11). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado também agradou, totalizando R$ 1,5 bilhão no trimestre.
As margens foram outro ponto positivo dos resultados. A margem bruta consolidada permaneceu em 25,2%, beneficiada pela leve alta nos volumes e pelo aumento nos preços.
No Brasil, o destaque ficou para o Ebitda ajustado de R$ 1,1 bilhão, bem acima das estimativas da XP Investimentos. A margem Ebitda de 17% também veio maior do que o previsto.
“A categoria de alimentos processados no Brasil foi fundamental para tal resultado positivo, com os volumes crescendo 7% ano a ano, enquanto a categoria de frango teve ligeira queda e carne suína teria sido direcionada principalmente para as exportações”, destacou Leonardo Alencar e Larissa Pérez, analistas de Agro, Alimentos & Bebidas da corretora.
Opiniões divididas
Os analistas estão divididos em suas recomendações. XP e Ágora, as mais otimistas com a tese de investimento da BRF, mantiveram a recomendação de compra para a ação, com preços-alvo de R$ 30 e R$ 32, respectivamente.
A Ágora acredita que o mercado está pessimista com a compressão da margem bruta da BRF na operação brasileira em 2021. A cotação das ações precificam em 23%, enquanto a corretora estima que o indicador se manterá em 25%.
Já a XP se atentou à melhora do mix de produtos da companhia.
“Entendemos que uma combinação de (i) marcas fortes, (ii) portfólio diversificado, (iii) inovação, e (iv) bom posicionamento dos produtos podem ser ferramentas melhores e mais eficientes do que o hedge de custos apenas”, defenderam Alencar e Pérez.
O BTG pretende revisar o modelo em breve. Por ora, o banco decidiu seguir com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 23. Apesar de reconhecer a qualidade dos resultados divulgados pela BRF, o BTG não está muito confiante que a execução consistente da empresa vai superar os desafios relacionados à queda dos spreads de aves e à normalização esperada para a demanda no Brasil.
Além disso, o BTG vê a projeção R$ 5,3 bilhões do consenso para o Ebitda da companhia em 2021 como “muito otimista”.
“Tememos que um grande aumento no capex irá prejudicar a tão necessária desalavancagem da BRF”, afirmaram Thiago Duarte e Henrique Brustolin, da equipe de análise do BTG.