Bradesco BBI

BRF está pronta para voltar aos “velhos tempos”

18 set 2018, 14:42 - atualizado em 18 set 2018, 16:11
(Crédito: Divulgação/BRF)

A chegada de um novo executivo e o fortalecimento do time liderado pelo CEO, Pedro Parente, coloca a BRF (BRFS3) em um caminho para “voltar aos velhos tempos”, avalia o Bradesco BBI em um relatório enviado a clientes. O novo vice-presidente de qualidade, pesquisa & desenvolvimento e sustentabilidade Neil Peixoto tem 25 anos de experiência na indústria de alimentos, incluindo P&D na Kraft e Mondelez.

“Neil Peixoto também se encaixa no perfil da BRF de trazer profissionais experientes e com sólida formação no setor (como Vinícius Guimarães da Anheuser-Busch InBev para operações e Rubens Pereira da Cargill para estratégia) e/ou com experiência anterior na BRF (Como Sidney Manzaro). Com a equipe e gestores completa, vemos a BRF pronta para avançar com seu plano de reestruturação”, destacam os analistas Leandro Fontanesi e Ricardo França.

A recomendação de compra foi reforçada. O relatório aponta que a execução do plano de recuperação é o principal direcionador para ação no segundo semestre de 2018, o que poderá permitir o fechamento da diferença atual da ordem de 30% em relação ao múltiplo EV/Ebitda para cerca de 10% até o final do ano de 2018.

Em contato com a administração, o Santander ressaltou que a empresa está chamando a atenção do mercado para o próximo Brasil Foods Day, encontro com investidores, no próximo dia 8 de outubro. A empresa também reforçou que o balanço do segundo trimestre foi o pior do ano e que as coisas tendem a melhorar, principalmente em margem no terceiro trimestre.

“A gente sabe que essa é uma velha retórica da BRF e foi por meio dessa história, de sempre começar a melhorar no próximo trimestre, que o mercado foi de decepcionando. Mas, talvez com a nova gestão de Pedro Parente, a forma de comunicação com o mercado tenha melhorado. A nossa impressão é de que hoje até o investor day a ação pode ficar com um pouco mais de esperança”, destaca o banco.

Recomendação 

Goldman Sachs elevou na segunda-feira a recomendação para as ações da BRF de venda para compra e introduziu um preço-alvo de R$ 30,80 para o  horizonte de 12 meses, o que representa um potencial de valorização de aproximadamente 50%, revela um relatório enviado a clientes e assinado por Luca Cipiccia.

O analista utilizou as receitas de 2017 como base para o cálculo por conta da baixa visibilidade sobre o “timing” da venda dos ativos da empresa e incertezas sobre a normalização do mercado externo.

Ele lembra que os papéis têm queda de cerca de 70% após o pico de agosto de 2015 (enquanto o Ibovespa subiu mais de 50%) e baixa de 40% no ano (Ibovespa -2%) após uma sequência de notícias negativas. O Goldman Sachs acredita que o segundo trimestre deve ter marcado o menor nível de margens bruta e Ebitda.

O banco destaca que, desde meados de 2017, os problemas sobre a exportação aumentaram a oferta para um mercado doméstico já fraco e, mais recentemente, a greve dos caminhoneiros trouxe pressão adicional sobre a cadeia de valor da BRF.

“Indiretamente, no entanto, esse evento pode ter marcado, a nosso ver, o ponto mais baixo para a BRF e para a indústria, na medida em que acelerou um ‘aperto forçado’ na oferta, favorecendo um reequilíbrio com a demanda. De fato, os preços no Brasil mostraram alguma normalização nos últimos três meses e a participação de mercado da BRF se estabilizou, superando de maneira moderada a indústria”, destaca o relatório.