Arena do Pavini

BRF é a pior ação do ano com queda de 50%; Suzano sobe 142% no semestre

30 jun 2018, 18:55 - atualizado em 30 jun 2018, 18:58

Por Arena do Pavini – O Índice Bovespa, que reúne as principais ações da bolsa brasileira B3, fechou o primeiro trimestre com uma queda de 4,76%, reflexo da piora do cenário internacional com a expectativa de alta dos juros americanos além do esperado no início do ano e a guerra comercial decretada pelo presidente americano Donald Trump contra seus principais aliados comercias, especialmente a China.

Além disso, a greve dos caminhoneiros no fim de maio, além de afetar a economia e enfraquecer ainda mais a recuperação da atividade, mostrou a fragilidade do governo Michel Temer, revelando o apoio da população a propostas populistas para a crise. A falta de um candidato de centro com chances de vencer também aumentou a preocupação com a eleição presidencial e a continuidade do ajuste fiscal.

Com isso, houve uma forte saída de investidores estrangeiros da bolsa, que chegou a R$ 10,235 bilhões no ano até 27 de junho, quarta-feira. A saída se concentrou em maio, com R$ 8,433 bilhões, recorde histórico, e junho, com R$ 6,223 bilhões.

Para o BB Investimentos,  cenário de curto prazo ainda deverá ser volátil na bolsa brasileira, podendo até ocorrer um repique contido, “mas vale ressaltar que a liquidez tende a se reduzir a partir de meados de julho, antecipando as férias de agosto no Hemisfério Norte”.

Suzano e Fibria, ganhos com a fusão

Mas nem todas as ações caíram nos primeiros seis meses deste ano. A ação ordinária (ON, com voto) da fabricante de celulose Suzano subiu 141,77% neste ano, puxada pelo acordo de compra da concorrente Fibria, cujo papel também disparou, ganhando 60,11% no ano. As duas foram beneficiadas também pela alta do dólar, já que são exportadoras e com a moeda americana mais alta vão receber mais reais por suas vendas ao exterior.

A segunda maior alta do índice veio de Magazine Luíza ON, com 60,11% de ganho, refletindo a expectativa de melhora da economia via consumo e juros básicos mais baixos, os menores da história recente do país. B2W ON também seguiu o mesmo caminho e fechou o semestre com alta de 31,22% e Vale ON, 24,57%, apesar dos receios iniciais do mercado de que os fundos de pensão, grandes acionistas da empresa, venderiam seus papéis após a mineradora pulverizar seu controle e entrar no Novo Mercado da B3.

Braskem foi outra com ganhos elevados no semestre, de 23,51%, com o anúncio de que sua controladora, a Odebrecht, venderá sua participação para uma empresa holandesa.Embraer ON também fechou o semestre com ganho de 21,89%, na expectativa de seu acordo com a gigante americana Boeing. E Petrobras ON, com várias idas e vindas em meio à crise com a greve dos caminhoneiros e a saída do seu presidente, Pedro Parente, fechou o semestre ainda com ganhos, de 15,04%.

Já nas perdas do semestre, o destaque ficou com BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, que viu sua ação ON cair 50,82%, ou mais da metade de seu valor. As perdas foram resultado de dois anos de prejuízos e erros de gestão, além de escândalos com a fiscalização dos produtos na Operação Carne Fraca e, depois, nos exames sobre contaminação do frango para exportação.

As crises levaram a uma briga entre os fundos de pensão, especialmente Petros, da Petrobras, e Previ, do Banco do Brasil, contra o empresário Abílio Diniz, que presidia o conselho da BRF e havia indicado sua alidada, a gestora Tarpon, para tocar a empresa. O conflito foi resolvido com a saída de Abílio da presidência do Conselho e sua substituição por Pedro Parente, que uma vez fora da Petrobras vai assumir a diretoria executiva.

Além de BRF, lideraram as perdas no semestre as ações ON da Kroton, com 48,50% de baixa, seguida de Eletrobras PNB, em meio às dificuldades em aprovar a privatização da empresa no Congresso. Qualicorp ON caiu 38,28% e Ultrapar ON, 37,98%. Ecorodovias ON perdeu 37,5%.