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BRF: Coronavírus traz oportunidade a empresas de carnes na China

03 mar 2020, 20:01 - atualizado em 03 mar 2020, 20:01
A ideia seria replicar o modelo de produção já adotado no mercado halal e na Arábia Saudita, onde a BRF está construindo sua primeira nova fábrica em cinco anos (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O impacto do surto de coronavírus nos hábitos alimentares chineses pode aumentar a demanda por carne importada, melhorando ainda mais as perspectivas de fornecedores no exterior, segundo a BRF  (BRFS3), um dos maiores exportadores de frango do mundo.

A proibição de comércio de animais selvagens na China pode elevar o déficit de proteína deixado pela peste suína africana, disse o CEO da BRF, Lorival Luz, depois que a empresa brasileira divulgou seu primeiro lucro em quatro anos, graças principalmente ao aumento das exportações e melhoria nas operações no Brasil.

O maior exportador de aves e suínos do país recentemente lançou em supermercados chineses cortes e produtos da marca Sadia, e está monitorando outras oportunidades no país asiático, como a possibilidade de processar alimentos em fábricas na China usando matéria-prima brasileira, disse Luz.

A ideia seria replicar o modelo de produção já adotado no mercado halal e na Arábia Saudita, onde a BRF está construindo sua primeira nova fábrica em cinco anos.

“Pode haver uma mudança de paradigma no mercado de alimentos da China com o aumento do consumo de produtos com nível maior de segurança alimentar, como alimentos congelados, processados ​​e de marca”, disse ele, em entrevista por telefone.

Embora exportadores de carne do Brasil ao Canadá tenham encontrado dificuldades para desembarque de mercadorias nos portos chineses nas últimas semanas, Luz disse que os embarques da BRF não foram afetados por gargalos logísticos no país asiático.

Frango Carnes Agronegócio
Além disso, episódios recentes de gripe aviária na Ásia, Europa e Oriente Médio podem aumentar a demanda por carne brasileira (Imagem: Reuters/Seun Sanni)

A demanda chinesa já estava prevista para aumentar este ano, uma vez que suas necessidades de importação devem atingir um pico depois que a peste suína reduzir os rebanhos de suínos do país em cerca de 50%, disse ele.

Além disso, episódios recentes de gripe aviária na Ásia, Europa e Oriente Médio podem aumentar a demanda por carne brasileira.

No Brasil, os custos mais altos com ração animal e o impacto da alta do dólar nas metas de desalavancagem da companhia aparecem como desafios. Ainda assim, o CEO espera que os resultados melhorem, já que a empresa começa a recuperar a participação de mercado perdida em meio ao aumento de preços.

“As perspectivas melhoraram desde o quarto trimestre”, disse Luz.

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