BRF confirma que Marfrig comprou 24,2% do capital da companhia
A processadora de carnes Marfrig (MRFG3) confirmou nesta sexta-feira ter comprado cerca de 24,23% no capital da empresa de alimentos BRF (BRFS3), e disse que a operação “visa diversificar os investimentos” do grupo.
Em comunicados, Marfrig e BRF confirmaram as transações, que haviam sido divulgadas antes na imprensa. O negócio somou 196,68 milhões de papéis, comprados via opções e leilões em bolsa.
“A aquisição (…) visa a diversificar os investimentos da Marfrig em um segmento que tem complementaridades com seu setor de atuação numa empresa onde a administração vem realizando uma reconhecida gestão”, disse a Marfrig, a acrescentou que “não pretende eleger membros para o conselho de administração ou exercer influência sobre as atividades da BRF”.
Ela também disse que não foram celebrados contratos ou acordos sobre direito de voto.
O movimento da Marfrig evidencia a força da divisão da empresa na América do Norte, onde a demanda tem sido forte e os preços do gado, relativamente baixos.
Isso impulsionou o preço das ações da empresa em relação às da BRF, cujas margens foram comprimidas pela maior dependência do Brasil.
Os ativos das empresas têm complementaridade, dado o foco da Marfrig em bovinos e da BRF, em aves e suínos. As duas competem com a rival e líder de mercado JBS (JBSS3), que tem uma base de produção diversificada que inclui vendas de alimentos processados e três tipos de proteínas.
O site Brazil Journal publicou mais cedo que a Marfrig já havia comprado 4,9% do capital da BRF e estava comprando ações adicionais do fundo de pensão Previ, mirando fatia de cerca de 20% na empresa.
As ações da BRF, que vinham subindo nos últimos dias em meio a negociações atípicas e elevados volumes, saltaram com as notícias e fecharam em alta de 16,2%, a 23,16 reais
Já o papel da Marfrig teve queda de 5,2%, a 19,04 reais.
Os frigoríficos brasileiros têm visto os lucros aumentarem nos últimos anos, ajudados pelo fortalecimento da demanda da China, especialmente a partir de 2018, quando uma peste mortal que afeta suínos forçou o abate de milhões de animais em 2018, abrindo espaço para importações de empresas estrangeiras.
Nos últimos meses, no entanto, os frigoríficos no Brasil têm enfrentado elevação drástica de custos, à medida que os preços do gado dispararam e os custos dos grãos atingiram níveis recordes, ameaçando encolher suas margens de lucro.
Antes da operação desta sexta-feira, as empresas haviam discutido uma possível aquisição da BRF pela Marfrig, mas interromperam as negociações em julho de 2019.
A compra pela Marfrig das ações da BRF foi noticiada primeiramente pelo jornal Valor Econômico.