BRF (BRFS3) capta no mercado, mas não o suficiente para ação se tornar atraente
A BRF (BRFS3) captou R$ 5,4 bilhões em sua nova oferta de ações, o que reduz consideravelmente o seu endividamento, mas não o bastante para justificar uma recomendação de compra de seus papéis, avalia o Bank of America em um relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (3).
O banco entende que a injeção de capital é positiva e reduz sua a alavancagem, mas reconhece que ela ficou abaixo do potencial de R$ 8 bilhões, dado o número máximo de ações de 324 milhões e o preço das ações no momento do anúncio, de R$ 24,75.
“Essa diferença é relevante, pois ajudaria a BRF a reduzir a alavancagem em mais R$ 300 milhões a R$ 400 milhões de despesas financeiras por ano”, explicam os analistas Isabella Simonato, Guilherme Palhares e Fernando Olvera.
Além disso, a Marfrig (MRFG3), maior acionista da BRF, subscreveu proporcionalmente a sua participação de 32,98%, enquanto alguns esperavam que ele pudesse ter comprado mais e se tornado o acionista controlador efetivo.
“Assim, acreditamos que o ruído na estrutura da BRF pode continuar, adicionando volatilidade às ações”, explicam.
A BRF, contudo, comemora e ressalta que os recursos serão utilizados para fortalecer a estrutura de capital da empresa e para investimentos estratégicos para o alcance da “Visão 2030”, projeto estabelecido pela empresa em 2020.
“Como primeiro resultado positivo desta oferta de ações, a Standard & Poor’s elevou a nota de crédito da BRF para “BB” em escala global e “brAAA” em escala nacional, com perspectiva estável. Esta avaliação leva em consideração o reforço da estrutura financeira da BRF com o follow-on, bem como o fortalecimento de sua governança pela publicação recente de sua Política Financeira”, disse a BRF em uma nota.
De qualquer forma, o Bank of America retomou a cobertura das ações da BRF apenas com uma recomendação neutra e um preço-alvo de R$ 24.