BRF (BRFS3): Veja a opinião de 5 analistas sobre nova aquisição de R$312 milhões; é hora de comprar?
A BRF (BRFS3) anunciou na última terça-feira (17), após o fechamento do mercado, a aquisição de 50% de participação na Gelprime, empresa que produz, comercializa e distribui gelatina e colágeno através do processamento de matéria-prima de origem animal.
A transação girou em torno de R$ 312 milhões e representa uma aposta mais forte na diversificação de portfólio da empresa.
“A sinergia fundamental reside na capacidade da BRF de fornecer matérias-primas para a produção de gelatina e colágeno, incluindo frango e peles de porco, bem como couros bovinos”, afirmam os analistas Thiago Duarte e Guilherme Guttilla do BTG Pactual.
- VEJA MAIS: 3 características que o investidor precisa ter para comprar bolsa brasileira agora, segundo analista
Em análise publicada após a negociação, o BTG acredita que a integração tem potencial para melhorar o perfil de valor agregado dos produtos da empresa. Para o banco, o principal desafio da BRF será proporcionar retornos atrativos nesta nova fase de crescimento.
“Embora as aquisições anunciadas apontem para o caminho certo, a execução será crucial para garantir que esses investimentos gerem valor sustentável para os acionistas”, dizem os analistas. O BTG mantém a recomendação neutra, com preço-alvo de R$25.
Safra e Genial recomendam compra da BRF
Diferente do BTG, analistas do Banco Safra recomendam compra e trabalham com o preço-alvo de R$ 34, que representa um potencial de valorização de 28% em relação ao fechamento da última quarta-feira (18).
“Embora não vejamos gelatina e colágeno como um negócio principal para a BRF, a empresa afirma que esta transação está alinhada com sua estratégia de aumentar a participação de produtos de maior valor agregado em seu portfólio, apoiando a expansão da lucratividade e a diversificação dos negócios”, dizem.
Contudo, o Safra faz uma ressalva sobre o potencial de retorno. De acordo com os analistas, movimentos anteriores da BRF não contribuíram para aumentar os retornos, portanto, os investidores poderiam preferir dividendos a movimentos de diversificação.
Já a Genial Investimentos vê a aquisição como estratégica, consolidando o foco da BRF em produtos processados e de maior valor agregado, segmento responsável por 70% do portfólio atual.“A operação deve impulsionar margens, oferecendo resiliência frente à volatilidade das commodities, em linha com os resultados robustos reportados no 3T24”, diz.
“Além disso, a elevação do rating pela S&P Global fortalece a percepção positiva sobre a alocação disciplinada de capital e a redução da alavancagem, que atingiu 0,94x Dívida Líquida/Ebitda, a menor do setor de frigoríficos no Brasil”, finaliza. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 29.
Ágora e Goldman mais cautelosos sobre BRF
A Ágora Investimentos considera que a nova aquisição da BRF deixa evidente a estratégia de crescimento no momento. “Do ponto de vista estratégico, a aquisição da Gelprime está em linha com os planos da BRF de diversificar seu fluxo de receita adicionando maior exposição a produtos de valor agregado”, diz.
A corretora ressalta a sinergia comercial com o alcance internacional da BRF Ingredients, que seria a grande aposta das empresas. Os analistas comentam que a participação da Gelprime no mercado global é de 2% e a meta declarada é expandir para 5%.
Os analistas acreditam em resultados mais fortes no curto prazo, já que o ciclo avícola não mostra sinais claros de inflexão. Entretanto, a análise prega cautela. “Nossa recomendação neutra para as ações da BRF permanece inalterada, pois continuamos sem visibilidade sobre onde os valuations ficariam com base nas margens de meio de ciclo”, diz.
Para o Goldman Sachs, a recomendação também é neutra, com preço-alvo de R$ 25,90. O banco vê alguns fatores representando riscos negativos, como um possível aumento da inflação de grãos; potenciais embargos de exportação; aumento da concorrência; e elasticidade da demanda macro e geral.
“Embora vejamos méritos estratégicos na estratégia de retorno ao crescimento da BRF, acreditamos que a cadência de suas aquisições recentes pode potencialmente moderar a percepção dos investidores em relação à geração de fluxo de caixa livre e retorno aos acionistas no curto prazo”, finaliza.
- Afrouxamento monetário continua nos Estados Unidos, enquanto Brasil vive momento difícil; e agora? Confira as perspectivas no Giro do Mercado: