BRF (BRFS3): O ‘enigma’ Marfrig (MRFG3) após frigorífico elevar participação para 40%
Na segunda-feira (25), a BRF (BRFS3) comunicou ao mercado que a Marfrig (MRFG3) passou a deter direta e indiretamente 673.879.961 papéis do frigorífico, elevando a participação na empresa a 40,0529%.
Na visão do Bradesco BBI, que vê a operação como o “enigma Marfrig”, o cenário mais provável é que o frigorífico eleve sua participação na BRF para 50%, enquanto o Salic (Companhia Saudita de Investimento Agrícola e Pecuário) ficaria com 25%, enquanto investidores minoritários ficariam com os 25% restantes.
Para o banco, a Marfrig pode tentar obter o controle total da BRF em função de dois fatos:
- a poison pill que impedia qualquer acionista de comprar mais de 33% foi retirada recentemente do estatuto social da BRF; e
- há um compromisso assinado pelo novo investidor Salic que limita sua participação na BRF a 25% (dos 11% atuais), sugerindo que a Marfrig se preocupa em ser o maior acionista.
Para o BBI, esse aumento de participação para 50% deve acontecer nos próximos 12 meses.
Por outro lado, a limitação de a Salic deter no máximo 25% da BRF pelos próximos sete anos sugere um prazo potencialmente mais longo.
A Marfrig enfrenta margens mais baixas no mercado de carne bovina nos Estados Unidos, que pode perdurar no próximo ano e limitar o fluxo de caixa da empresa.
No entanto, a Marfrig aumentou recentemente a sua participação na BRF de 33% para 40%. Além disso, a empresa vendeu recentemente R$ 7,5 bilhões em ativos para a Minerva (BEEF3), quantia que poderia financiar o potencial de R$ 1,7 bilhão necessário para atingir a participação de 50% na BRF.
Dessa forma, estes dois fatos, na visão do banco, parecem fortes indicadores de que o prazo para esse aumento seja curto.
Fusão a caminho?
Na visão do BBI, uma fusão é improvável. O banco ressalta que a Salic investiu recentemente na BRF, não na Marfrig. Por isso, não está claro que eles queiram aumentar a exposição ao segmento de carne bovina, visto que já são acionistas da Minerva.
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Assim, esse cenário faz o banco pensar que uma venda de ativos da Marfrig (por exemplo, de carne bovina) para a BRF é improvável.
No entanto, potenciais sinergias poderiam ser um possível argumento a favor de uma fusão.
O que esperar para as ações de BRF e Marfrig?
Caso o cenário de a Marfrig atingir 50% da BRF se concretizar, isso deve ser positivo para o preço das ações da BRF, visto que a pressão compradora poderá elevar o preço dos papéis, segundo o banco.
Para a Marfrig, pode haver alguma cautela dos investidores quanto à alavancagem financeira, embora o banco entenda que a empresa tem tomado medidas para permitir um balanço saudável (por exemplo, venda de ativos).