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BRF (BRFS3) afunda mais de 10% após resultado trimestral “dúbio”

11 ago 2022, 13:32 - atualizado em 11 ago 2022, 13:32
BRF
A equipe da XP também acrescentou que, apesar de os fundamentos melhoraram para a BRF após a acomodação dos preços das rações (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

As ações da BRF (BRFS3) desabavam nesta quinta-feira, mesmo após resultado trimestral mostrar melhora operacional acima das previsões do mercado, com analistas ponderando que ainda há um espaço para a empresa percorrer antes de atingir níveis de rentabilidade normalizados.

Às 13:13 (horário de Brasília), BRF ON caía 10,49 %, a 15,36 reais, pior desempenho entre as ações do Ibovespa (IBOV), que subia 0,16%.

No pior momento, os papéis chegaram a 15,05 reais. No ano, ação acumula um declínio de mais de 30%.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia de alimentos alcançou 1,368 bilhão de reais no período de abril a junho, alta de 7,7% ano a ano e acima das expectativas de 1,202 bilhão de reais.

Ainda assim, teve prejuízo líquido de 468 milhões de reais, em desempenho pior do que o esperado, impactados por dois eventos não recorrentes no trimestre: dívida designada como “hedge accounting” e hiperinflação na Turquia.

Analistas da XP Investimentos consideraram os resultados positivos, mas “dúbios”, observando que a empresa apresentou uma sólida melhora no segundo trimestre ajudada pela base comparativa mais fraca do primeiro trimestre, mas também crescendo no faturamentoe Ebitda ano a ano.

No entanto, destacaram em relatório a clientes que as margens do setor vêm melhorando constantemente desde março, com preços mais baixos da ração milho e farelo de soja e preços mais altos da carne de frango.

Mas apontaram que há mais espaço a percorrer antes de a BRF atingir níveis de rentabilidade normalizados (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

“Portanto, apesar do Ebitda ajustado acima do esperado, vemos a estratégia de ‘ajuste na cadeia produtiva e no equilíbrio dos estoques’ do primeiro trimestre deixando um retrogosto amargo, apesar do claro benefício do viés retrospectivo”, afirmaram Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.

A equipe da XP também acrescentou que, apesar de os fundamentos melhoraram para a BRF após a acomodação dos preços das rações, juntamente com o aumento da demanda e preços mais altos, “um turnaround costuma ser muito mais profundo e demora mais do que parece à primeira vista”.

Analistas do Itaú BBA também avaliaram que o pior parece ter passado para a empresa, que sinaliza estar no caminho certo para entregar uma recuperação sequencial de lucratividade.

Mas apontaram que há mais espaço a percorrer antes de a BRF atingir níveis de rentabilidade normalizados.

Gustavo Troyano e equipe classificaram como “impressionante” o turnaround da companhia após os resultados do primeiro trimestre de 2022, mas avaliaram que uma parte significativa da melhora na base trimestral já era esperada pelo mercado.

O Itaú BBA tem recomendação ‘neutra’ para as ações.

Um pouco mais otimistas, analistas do Bradesco BBI que têm recomendação ‘outperform para os papéis, afirmaram que os resultados devem continuar melhorando sequencialmente

Leandro Fontanesi e Victor Romano citam perspectiva de fortes exportações brasileiras de frango, em razão de casos de gripe aviária na Europa e Estados Unidos, que podem manter a oferta global de frango baixa e apoiar a troca de proteínas mais caras, como carne bovina, para frango.

Eles também veem tendência de queda dos custos dos grãos, dado o aumento das taxas de juros nos EUA, o enfraquecimento da demanda chinesa por grãos e os preços mais baixos do petróleo.

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