Cultura

Brexit e protestos em Hong Kong abalam mercado de arte

21 set 2019, 19:04 - atualizado em 20 set 2019, 16:45
Hong Kong Protesto
A turbulência geopolítica abalou o comércio global de arte, com flutuações cambiais e novas tarifas sobre a arte chinesa, forçando compradores e vendedores de outros continentes a recalibrar os custos (Imagem: SeongJoon Cho/Bloomberg)

O inverno está chegando para o mercado de arte.

As incertezas causadas pela prolongada tentativa do Reino Unido de se separar da União Europeia, os protestos em massa em Hong Kong e a guerra comercial EUAChina atingem colecionadores, enquanto as maiores casas preparam os principais leilões de fim do ano. Os desafios são ainda mais complicados pela ausência de obras de grandes coleções, como a da Rockefeller, que trouxe US$ 835,1 milhões para a Christie’s no ano passado.

“Não estou consignando nada para as vendas de Londres na Sotheby’s, Christie’s ou Phillips”, disse Gabriela Palmieri, consultora de arte de Nova York. “Meus clientes estão nervosos com o Brexit.”

A turbulência geopolítica abalou o comércio global de arte, com flutuações cambiais e novas tarifas sobre a arte chinesa, forçando compradores e vendedores de outros continentes a recalibrar os custos. Uma retração no “mercado de obras-primas” é a principal responsável por uma desaceleração no primeiro semestre deste ano.

Até meados de setembro, um total de 14 obras rendeu pelo menos US$ 30 milhões, abaixo de 23 dessas peças no mesmo período de 2018. As vendas agregadas para essas obras caíram 38%, para US$ 781,8 milhões, segundo uma análise dos dados da Artnet.

A escassez de ofertas de grandes coleções, que gerou mais de US$ 3 bilhões nos últimos três anos, também deve diminuir o número de obras de arte de primeira linha disponíveis nesta temporada, com o maior impacto nas vendas de novembro em Nova York, de acordo com revendedores e consultores que disseram que as casas de leilão estão disputando obras.

“O que é diferente nesta temporada é que os acervos que chegaram ao mercado não incluem obras de arte que variam de US$ 50 milhões a US$ 100 milhões cada”, disse Marc Porter, presidente para as Américas na Christie’s. “Os objetos mais caros são provenientes de vendedores discricionários com os quais ainda estamos negociando.”

A Sotheby’s, a Christie’s e a Phillips “terão que obter suas vendas lote a lote”, disse Hugo Nathan, consultor de Londres. “É um trabalho árduo e muito caro.”

Compradores exigentes vão querer aproveitar as flutuações cambiais.

“A libra está barata e pode haver algumas oportunidades”, disse Wendy Cromwell, consultora de arte em Nova York.

Os colecionadores também terão muitas opções no mercado intermediário, pois a falta de obras de arte mais caras não parece ocorrer entre as mais acessíveis. A Christie’s e a Sotheby’s disseram esperar resultados robustos nos leilões de arte contemporânea em Nova York na próxima semana.

Mas as expectativas estão em baixa para os principais leilões em Londres e Hong Kong, que acontecem na primeira semana de outubro.

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