Bancos

Brexit, Banco Central Europeu e Covid deixam bancários de Londres no limbo

01 fev 2021, 13:59 - atualizado em 01 fev 2021, 13:59
BCE
 O BCE insiste que as unidades na UE sejam geridas localmente  (Imagem: Flickr/ BCE)

Jovens profissionais de bancos de investimento que ainda não sabem se e quando serão transferidos para a União Europeia podem sentir algum consolo ao compreender que seus chefes estão na mesma situação.

Semanas após ser contratado para trabalhar em Londres no ano passado, um profissional sênior ouviu que deveria fazer as malas e se mudar para a Europa.

Gestores de um banco americano ainda não sabem se poderão permanecer no Reino Unido. Um jovem operador que começaria a trabalhar para um banco europeu agora aguarda que expliquem exatamente qual será sua função.

Mesmo após anos se planejando para o Brexit, bancos globais e seus funcionários enfrentam incerteza contínua diante da pandemia e de um acordo comercial minimalista para o ramo de serviços financeiros.

Paralelamente, autoridades reguladoras intensificam a pressão para que os bancos executem os planos de realocação que foram estabelecidos antes de a Grã-Bretanha se retirar do bloco, em 31 de dezembro.

No curto prazo, as autoridades europeias estão dando alguma flexibilidade aos bancos, em um momento em que a nova onda de Covid-19 atrasa os esforços para transferir funcionários para o bloco da forma que estava acertada. As informações vieram de entrevistas com quase uma dezena executivos e operadores envolvidos no processo e que pediram anonimato.

O alívio é temporário. O Banco Central Europeu está empenhado em fazer com que as instituições financeiras se tornem menos dependentes do modelo de ponta a ponta que permite que transações processadas na Europa sejam contabilizadas em Londres, onde se concentram o risco, a liquidez e os próprios operadores do mercado. O BCE insiste que as unidades na UE sejam geridas localmente.

O presidente do Conselho de Supervisão do BCE, Andrea Enria, disse na semana passada que os bancos estão engajados, mas diversas instituições ainda enfrentam “alguns pontos críticos” depois que a saída da Grã-Bretanha empurrou para o mercado único atividades como a negociação de ações da UE. “Observamos progresso significativo também nos últimos meses do ano passado, então temos confiança de que chegaremos ao modelo operacional desejado muito em breve.”

Alguns entrevistados esperam que os reguladores exijam que as pessoas migrem apesar das restrições às viagens impostas pela Covid, no caso dos bancos em que praticamente toda a equipe de vendas e negociação de ativos da UE trabalha de casa em Londres.

Reguladores têm verificado se as instituições bancárias no continente estão totalmente operacionais e com quadro de pessoal adequado, disseram as fontes.

Essa abordagem significa que alguns estão sendo pegos entre as exigências impostas ao setor e as medidas de saúde pública que restringem a circulação das pessoas. Diversos profissionais se recusaram a se mudar para o exterior por motivos pessoais, incluindo a situação escolar dos filhos.

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