BRC-20: O que são? E como podem afetar a rede Bitcoin?
É bem provável que você tenha ouvido falar do padrão BRC-20, que é apontado como um dos causadores do aumento de taxas e da lentidão recente da rede do Bitcoin.
Mas você sabe de fato que é esse padrão e como ele funciona? Quais as vantagens e desvantagens? Hora de você entender o assunto! Basta ler o artigo até o final. O BRC-20 é um padrão de token fungível criado para a rede Bitcoin usando o protocolo Ordinals, lançado no final de 2022.
Lembre-se de que um token fungível é um ativo digital que pode ser trocado por outro ativo digital idêntico. Então aqui a gente não está mais falando de criar coleções e itens de arte na rede, mas sim criar e transacionar altcoins dentro da blockchain do BTC.
O BRC-20 ainda é um padrão experimental modelado de forma que lembra o padrão ERC-20 do Ethereum, mas é mais simples e nem precisa de um contrato inteligente complexo como altcoins de outras redes. O protocolo permite que os tokens sejam atribuídos a satoshis e depois negociados ou trocados com outros, assim como com outros tokens.
O BRC-20 se tornou polêmico porque, junto com os NFTs que também são criados com o Ordinals, tem sido o principal causador do aumento do preço das taxas da rede e a longa fila de espera para se concluir transações.
Vantagens e Desvantagens do BRC-20
É difícil negar que Ordinals é um protocolo visionário e inovador. Ele basicamente mostra que é possível recriar a maior parte do ecossistema cripto somente usando a rede do Bitcoin.
Mas será que é isso que queremos?
Um patrão pode pedir que seu funcionário atue em 3 ou 4 funções diferentes, mas será que ele vai ter o mesmo rendimento do que se ele estivesse focado apenas em sua função principal?
E se pedirmos então ao mesmo trabalhador para fazer tarefas que ele não teve formação nem tem interesse?
Da mesma forma, Satoshi não criou um sistema com a intenção de abrigar todas as ideias e evoluções tecnológicas atuais e futuras… ele só queria uma forma de dinheiro que funcionasse bem sem a dependência de intermediários ou controle de governos.
O Bitcoin é perfeito nesse uso como dinheiro.
E é por isso que enfatizo que todo este ecossistema criado em torno do Bitcoin é positivo, mas que deve usar redes paralelas para isso, o que chamamos de segundas camadas.
Uma segunda camada é uma rede paralela que geralmente é mais rápida escalável, mas herda a mesma segurança da camada principal. Um exemplo para o Bitcoin é a famosa Lightning Network.
O uso da cadeia paralela pode tranquilizar os que se preocupam com a rede principal sendo infestada por tokens que não cumprem a função principal pela qual o Bitcoin foi criado. Ao mesmo tempo, a solução não tira o potencial uso do Bitcoin para os mais diversos casos de uso.
O equilíbrio quase sempre é o caminho mais sensato. E ele se aplica muito bem em nosso caso. Basta esperar e ver se este será o caminho percorrido pela comunidade. E, mesmo que isso não aconteça, o Bitcoin foi projetado para que as coisas se ajeitem mais cedo ou mais tarde, como acontece em sistemas livres e distribuídos.
Se o equilíbrio não vier pelo bom senso, ele virá de forma forçada, com o tempo. E é isso que prova como o Bitcoin é belo e eficaz em sua simplicidade, não é?
Viva a genialidade de Satoshi!
Fabrício Santos é entusiasta de criptomoedas desde 2017, tendo trabalhado em vários projetos blockchain em diversas partes do mundo. Atualmente, é Coordenador de Educação da Criptomaníacos.