Brava Energia (BRAV3) tem mudanças de estratégia e CEO responde para quando ficam os dividendos

A Brava Energia (BRAV3) está promovendo mudanças em sua estratégia de operação onshore (terra firme). Segundo o CEO, Décio Oddone, a petrolífera júnior está em um movimento de otimização de capex (investimentos), redução de custos e, principalmente, implementação de projetos-piloto voltados para recuperação terciária de petróleo.
O objetivo da recuperação terciária é aumentar a recuperação dos campos com um investimento menor, afirmou ao Money Times, durante sua participação no 11º Annual Brazil Investment Forum, evento promovido pelo Bradesco BBI.
Oddone explica que, em um campo de petróleo novo, o reservatório geralmente possui energia suficiente para fazer com que o óleo atinja a superfície naturalmente. No entanto, à medida que a exploração avança, a pressão interna do reservatório diminui — e o petróleo, por assim dizer, “perde força” para emergir por conta própria.
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Nessa fase, a indústria recorre a métodos para aumentar a taxa de extração. O mais comum é a recuperação secundária, que, segundo Oddone, consiste basicamente em uma “injeção de água” no reservatório para recuperar a pressão e facilitar a saída do petróleo.
Segundo o CEO, o objetivo da Brava é encontrar mecanismos que aumentem a produção de petróleo sem depender de grandes volumes de água. Para isso, a empresa tem realizado testes com a injeção de nitrogênio e polímero, técnicas que permitem mobilizar o óleo de forma mais eficiente, reduzindo a necessidade de água no processo.
“Você injeta uma quantidade enorme de água no reservatório para ocupar o espaço deixado pelo petróleo e recuperar a pressão. No entanto, isso gera custos adicionais, já que passamos a lidar com volumes muito elevados de água”, explica Oddone. “Nos nossos campos no Potiguar, por exemplo, mais de 90% do que produzimos é água — o que se traduz em custos com tratamento, injeção e energia para bombeamento.”
Dessa forma, a Brava busca reduzir esses custos por meio da recuperação terciária. “Estamos iniciando esse projeto-piloto e vamos acompanhar os resultados. Em outros países, essa estratégia já se mostrou eficaz”, afirma Oddone.
Para quando ficam os dividendos?
Potenciais dividendos da Brava Energia entraram no radar do mercado após a criação da companhia, que é resultado da fusão entre as antigas 3R Petroleum e Enauta.
Décio Oddone deixou claro que a distribuição de dividendos não está entre as prioridades no momento. Segundo ele, o tema está no radar da companhia, mas só deverá avançar quando a alavancagem estiver “comportada” e o cenário, mais estável.
A meta da Brava Energia é alcançar uma alavancagem entre 1 e 1,25 vez a relação entre dívida líquida e Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
“Queremos ter capacidade de remunerar o acionista, mas também estar preparados para aproveitar eventuais oportunidades de investimento, sejam elas orgânicas ou inorgânicas. E vamos fazer isso — mas mais adiante”, afirma Oddone.
Brava Energia e volatilidade do petróleo
Segundo o CEO, a Brava Energia está preparada para reagir ao atual cenário do petróleo. No momento, os preços passam por grande volatilidade em meio à repercussão das tarifas dos Estados Unidos em diversos países, com destaque para o entrave com a China.
Na quarta-feira (9), o Brent chegou a recuar mais de 5%. No entanto, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas contra os países que não retaliaram Washington, o petróleo reverteu a queda e passou a subir, encerrando a tarde com alta superior a 4%.
Em um cenário de queda nos preços do petróleo, Oddone afirma que a Brava Energia adotará uma postura mais conservadora, com foco na redução de custos e investimentos. A estratégia é preservar caixa no curto prazo, para retomar os aportes quando o mercado se recuperar.
“O nosso portfólio é balanceado, com ativos onshore e offshore. Mas, no onshore, temos uma grande elasticidade de capex. Podemos reduzir os investimentos rapidamente — e é isso que vamos fazer”, afirma o CEO.