Brava (BRAV3): Por que analistas ainda acreditam em potenciais estelares?
A Brava (BRAV3) era quase unanimidade entre analistas há alguns meses. Fruto da fusão entre a 3R Petroleum e a Enauta, a companhia nasce com potencial de igualar a produção da PRIO (PRIO3), uma das campeãs da bolsa, com valorização de 9.000% na última década.
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Porém, o começo da nova companhia foi marcada por uma tempestade perfeita. Logo na semana da união, o Ibama paralisou o maior campo da petroleira, o Papa-Terra.
Isso, por si só, foi suficiente para deixar os investidores bem mal-humorados. Sem o campo, a petroleira, que tem a promessa de aumentar a produção, saiu bem atrás.
Além disso, o petróleo também não fez a sua parte. Os contratos do tipo Brent já recuaram US$ 15 o barril desde maio, quando era negociado a US$ 84.
O resultado é que o papel despenca 24% desde a estreia das negociações, em 9 de setembro. Diante dos percalços, a administração se reuniu com analistas, que saíram otimistas.
Brava pode destravar potencial
O BTG diz que gostou do tom da reunião, embora ela ainda possa levar a alguns ajustes negativos nas expectativas do consenso, já que a mensagem foi muito racional e realista.
“Isso é fundamental para ajudar a reduzir o ceticismo dos investidores em relação à tese. Reconhecemos que os esforços estão indo na direção certa, e a teleconferência ajudou a transmitir um senso de urgência necessário para abordar as principais questões que têm impedido o imenso potencial de criação de valor da empresa.”, diz.
Apesar disso, o banco afirma que planeja atualizar as estimativas em breve e ainda prefere se expor ao setor por meio de outros players, particularmente Petrobras (PETR4), seguido por PRIO (PRIO3) e PetroReconcavo (RECV3).
“Dito isso, a execução bem-sucedida do plano delineado pela BRAV nos próximos seis meses poderia levar as ações a um novo patamar, reforçando nossa recomendação de compra”.
A XP também saiu do encontro com visão positiva, dadas as perspectivas animadoras de maiores níveis de produção no primeiro trimestre de 2025.
“Entretanto, também está claro que tanto a produção quanto os resultados financeiros passarão por um período de baixa nos meses de novembro e dezembro, com a interrupção da produção em Papa Terra e Atlanta”.
Ainda segundo os analistas Regis Cardoso e Helena Kelm, apesar de ainda otimista com a tese, a XP prefere o equilíbrio entre risco e retorno oferecido pela PRIO e pela Petrobras (as principais opções no setor).
O Safra diz que o maior foco na racionalização do portfólio e geração de caixa agradaram.
“Os investidores provavelmente manterão uma abordagem cautelosa de esperar para ver, vemos as perspectivas da Brava para uma forte geração de caixa como muito atraentes e mantemos nossa classificação outperform”.
A casa tem preço-alvo de R$ 35, potencial de alta de 110% ante o último fechamento.
Os principais pontos
Segundo os analistas, as principais prioridades da administração são:
- retomar a produção em Papa Terra e obter o primeiro óleo do FPSO de Atlanta;
- reduzir a alavancagem da empresa;
- acelerar captura de sinergia da fusão;
- reciclar o portfólio
Para a XP, não tem jeito, a Brava deverá sair mais endividada com a paralisação do Papa-Terra, com uma dívida líquida/Ebitda, aumentando significativamente devido a um Ebitda menor no denominador desse índice.
“De fato, não podemos descartar a possibilidade de que o índice de alavancagem possa aumentar a ponto de violar potencialmente o acordo de 3,0x da Brava”.
Os analistas dizem ainda que embora discutir o covenant seja uma perspectiva assustadora para qualquer investidor, “acreditamos que isso seria apenas uma questão temporária e bastante retrospectiva”.
Porém, a corretora espera uma estabilização nos próximos trimestres, com a produção consolidada da Brava bem encaminhada para atingir 80 kboed até o final do primeiro trimestre de 2025.
De qualquer forma, a XP vê com bons olhos o foco da administração na redução do fluxo de caixa livre e na redução da alavancagem.